A alta da taxa básica de juros (Selic) para 8% ao ano deve melhorar a rentabilidade das aplicações em renda fixa, mas não a ponto de mudar o cenário atual. A caderneta de poupança, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), seguirá como uma aplicação mais interessante do que a maioria dos fundos de investimento.
“Esses aumentos só minimizam o problema da renda fixa. Quando se desconta o IR (Imposto de Renda) e taxas, o rendimento fica próximo a zero”, diz o administrador de carteiras Fabio Colombo. Ele frisa que alguns fundos têm aumentado a parcela da carteira de títulos privados para buscar uma maior rentabilidade.
Para o pequeno investidor vale a velha recomendação de pesquisar taxas, já que, na comparação, a cobrança faz diferença. Quando se considera a nova regra da poupança (rendimento de 70% da Selic mais TR), a Anefac calcula que o retorno será de 5,6% ao ano. Assim, a poupança seria mais vantajosa na maior parte dos casos. Perde para os fundos só quando estes cobrarem menos de 1% de taxa de administração ou se o resgate for feito em prazos longos, sendo cobrado IR menor.
A alta do para 8% confirmou a expectativa da maior parte do mercado. Segundo o último relatório Focus, a taxa deve fechar o ano em 8,25%. Nesse cenário, investimentos de renda fixa pós-fixados, que acompanham a Selic, são recomendados por especialistas.
“Para o investidor conservador, que não se sente confortável com volatilidade, a renda fixa pós-fixada é boa opção. No curto prazo, o mercado de renda fixa está muito volátil, pois o grau dessa alta do juro ainda não está muito claro”, diz o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Mario Amigo. “Não existe consenso sobre a inflação estar contida”, diz o superintendente executivo da Santander Asset Mangement, Eduardo Castro.
As alternativas pós-fixadas mais acessíveis no varejo são o Certificado de Depósito Bancário (CDB), que rende um porcentual do CDI (taxa que acompanha de perto a Selic), e a caderneta de poupança. Para o primeiro, vale a comparação das taxas entre os bancos e o poder de negociação. O CDB não tem taxa de administração como os fundos, mas só se torna interessante se for negociado a uma taxa acima de 95% do CDI, segundo especialistas.
“De forma geral, o investidor ao escolher um fundo deve optar por aqueles que têm uma gestão mais ativa, em que o gestor faz adaptações na carteira de acordo com o cenário”, recomenda Castro, do Santander. Para ter certeza se o gestor conseguiu ter boas rentabilidades, é preciso avaliar o histórico do fundo tanto com juro baixo quanto em tempos de alta. Pela ferramenta “Escolha Seu Fundo”, da Anbima, é possível tanto comparar as taxas de administração como verificar o histórico de rentabilidade.