Enquanto a alta da gasolina continua no âmbito da especulação, os motoristas aproveitam a guerra das companhias distribuidoras para abastecer o tanque do carro com economia. Em Curitiba, é possível encontrar o litro da gasolina por até R$ 1,97, enquanto a média é de R$ 2,15, podendo chegar até a R$ 2,29, segundo levantamento do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis/PR). A reportagem do Paraná-Online encontrou ontem preços variando de R$ 1,978 a R$ 2,239, muitos abaixo de R$ 2. O presidente do Sindicombustíveis/PR, Roberto Fregonese, atribui a queda do preço da gasolina ao dumping promovido pelas grandes distribuidoras.

“Num primeiro momento, a queda pode trazer benefício ao consumidor, mas junto vêm as mazelas do setor”, alerta Fregonese, referindo-se à sonegação de impostos e adulteração de impostos. De acordo com ele, o preço praticado em Curitiba é artificial e pode acabar repentinamente. Segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo), só em fevereiro o preço médio da gasolina caiu 6% em Curitiba, de R$ 2,255 para R$ 2,118.

“Na semana passada, já houve aumento do óleo de combustível, querosene para a aviação e do gás. Só a gasolina e o diesel ainda não subiram, por isso a especulação de aumento é grande”, analisa. A gasolina brasileira acumula defasagem de 23,2% em relação ao mercado internacional. “O petróleo aumenta todos os dias no mercado internacional, o que acaba complicando a equação. Não sei até quando o governo e a Petrobras vão conseguir segurar estes preços.”

Custos

O litro da gasolina sai da refinaria por R$ 1,93. Com custos de armazenagem, bombeio e margem da distribuidora, salta para R$ 2,01 a R$ 2,02. Enquanto o preço médio das distribuidoras ficou ao redor de R$ 1,98 em fevereiro, a margem dos postos caiu de R$ 0,34 para R$ 0,13, informa a ANP. “Não existe hipótese de os postos continuarem vendendo por R$ 1,99 por muito tempo.”, diz Fregonese.

É o caso do posto da Shell, na Rua Inácio Lustosa. Com o litro a R$ 1,99, o posto trabalha com margem de lucro de R$ 0,06, segundo o gerente de pista, Mauro Sérgio Pise. “Mal dá para pagar os funcionários. O mínimo teria de ser R$ 0,15”, diz. Segundo ele, o preço não deve baixar mais. Vendendo a gasolina mais barata de Curitiba (R$ 1,978), o dono do posto Portal das Mercês, Luiz Antônio Rasera, confirma o prejuízo: “Vendendo 100 mil litros por mês com margem de R$ 0,05, ganho R$ 5 mil. Isso não paga a folha de funcionários”, relata. Segundo ele, o preço está baixo para confrontar a concorrência desleal. “Não quero que o consumidor saia do meu posto e vá colocar gasolina adulterada em outro”.

No Posto Alegria, localizado na Vila Hauer, o litro da gasolina comum ontem era R$ 2,10. Segundo a gerente Salete de Andrade, no início de fevereiro o preço era R$ 2,39. “Abaixamos para R$ 2,29, R$ 2,19, R$ 2,09 e agora custa R$ 2,10”, conta. Segundo ela, é a concorrência acirrada que está levando à queda do litro da gasolina.

Gasolina sobe em 18 estados

AE e agências

A gasolina vai ficar mais cara em 18 estados e no Distrito Federal a partir de domingo. Serão atingidos pelo aumento Rio de Janeiro, Minas Gerais e estados do Norte e do Nordeste. A informação foi divulgada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Rio de Janeiro (Sindcomb). No estado, o preço do litro da gasolina deve passar de R$ 2,2310 para R$ 2,3090.

Mais uma vez a alta é provocada pelo novo cálculo do ICMS divulgado pelo Conselho de Política Fazendária (Confaz) na tarde de ontem. Os novos números foram fixados pelo Confaz, no Ato Cotepe ICMS no 5, para vigência na segunda quinzena de março em 18 estados e no Distrito Federal.

Na última ata do Copom divulgada em fevereiro, o Banco Central estimou que os reajustes da gasolina devem ficar em 8% este ano. A nova estimativa já inclui os aumentos ocorridos desde o início do ano. Na ata da reunião do Copom de janeiro, a previsão era de que o preço da gasolina iria aumentar apenas 0,2% ao longo do ano.

Álcool

O presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo, Eduardo Pereira de Carvalho, admitiu hoje, durante seminário na Feicana 2003, em Araçatuba (SP), que alguns usineiros não estão cumprindo o acordo feito com o governo -manter o preço do álcool combustível em até 60% do valor da gasolina. Na terça-feira, no mesmo evento, o ministro de Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que o setor sucroalcooleiro tem seus “malandros”, referindo-se a alguns usineiros que não estão cumprindo o acordo.

“Realmente temos alguns malandros”, confirmou Carvalho. No início da próxima semana a Unica enviará ao ministro duas listas, uma referente às empresas que não estão cumprindo o combinado e outra das que estão. Segundo Carvalho, as usinas têm contratos com a Unica que prevêem sanções (não reveladas) para as empresas rebeldes. “O comprometimento com o acordo chega a 80% da produção de cana no Centro-Sul”, disse Carvalho.

continua após a publicidade

continua após a publicidade