Possível equipe do PT puxa cotação do dólar

Pela primeira vez em três semanas, o dólar fechou ontem em baixa sem nenhum ??empurrão?? do Banco Central. Nesta quinta-feira, a moeda encerrou o dia vendida a R$ 3,91 e comprada a R$ 3,90, em queda de 0,26% em relação a anteontem, enquanto o risco-país brasileiro despencava 6,23% para 2.121 pontos. A última vez que o dólar caiu sem intervenção pesada do Banco Central ou anúncio de medidas sobre câmbio ou dívida cambial foi em 25 de setembro.

Os motivos da queda de ontem são o bom desempenho dos mercados externos, o alívio da liquidação de uma dívida cambial de US$ 3,6 bilhões e a notícia de que o PT deve divulgar sua equipe de governo um dia após o segundo turno da eleição presidencial, caso Luiz Inácio Lula da Silva seja eleito presidente. ??É tudo que o mercado queria??, afirmou José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação, ao citar a notícia.

O baixo volume de negócios do mercado durante a maior parte do dia, segundo operadores, ajudou na queda -sobretudo quando a moeda, que havia aberto em alta, reverteu a trajetória no fim da manhã.

O Banco Central chegou a vender dólares em algumas mesas de câmbio durante a manhã, quando o dólar atingiu a máxima de R$ 3,98 (alta de 1,5%). A intervenção, confirmada no final da tarde, teria sido limitada, segundo operadores.

Também sustentou o movimento positivo do mercado cambial a alta das Bolsas de Valores norte-americanas e, sob influência destas, das européias de da Bovespa, que chegou a subir mais de 6%.

Uma safra de balanços de empresas positivos nos EUA garantiu que o principal índice do mercado norte-americano, o Dow Jones, subisse 2,65% até as 16h30.

Equipe

Os nomes que regerão a economia a partir do ano que vem têm sido a principal fonte de insegurança e incertezas do mercado brasileiro nos últimos meses, principalmente com o favoritismo de um candidato de oposição, Lula, para vencer o pleito. As pesquisas de intenção de voto mostram Lula com cerca de 60% das intenções de voto, contra aproximadamente 30% de José Serra (PSDB), favorito do mercado por defender a manutenção da atual política econômica.

A informação sobre a equipe foi dada pelo deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), um dos principais interlocutores do partido junto ao mercado financeiro e integrante da coordenação de campanha de Lula, em um evento ontem na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

“Assim que a apuração dos votos for concluída e caso Lula seja eleito, no dia 28, ele fará um pronunciamento anunciando toda sua equipe de afirmou o deputado.

Bolsa vive dia de euforia

Embalada por uma forte onda de otimismo, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou ontem com alta superior a 6%. Segundo operadores, os ganhos dos mercados internacionais incentivaram a correção nos preços das ações da bolsa paulista. Outro fator foi o esforço feito pelas principais autoridades do PT durante o dia, em benefício do mercado de capitais. Além de declarações que agradaram os investidores, o partido divulgou documento com propostas para reerguer o setor.

O Ibovespa fechou com alta de 6,34%, a 8.901 pontos, a maior elevação percentual desde o último dia 5 de novembro, quando a bolsa paulista subiu 6,82 por cento. O volume financeiro também melhorou e ficou em 607,1 milhões de reais.

As bolsas de Nova York também serviram para animar o mercado brasileiro. O índice Dow Jones encerrou o dia com alta de 2,97% enquanto o Nasdaq avançou 3,24%, animados pelos resultados da IBM .

O PT e o mercado

O mercado mostrou-se mais aliviado com o esforço feito pelo PT ? partido do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva ? em relação a compromissos sobre política econômica. Ontem, o partido divulgou um documento preparado em parceria com diversas entidades do setor, como a prórpia Bovespa, com compromissos de reativação do mercado de capitais.

O texto do PT reforça a necessidade de fortalecimento do mercado de capitais como instrumento importante para a retomada do desenvolvimento econômico e sugere a democratização dos meios de acesso para pequenos investidores.

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