Portugal vai tentar renegociar partes de seu acordo de resgate internacional, em meio às previsões piores do que o esperado para uma economia em recessão e o crescente protesto popular em relação às medidas de austeridade e de cortes de déficit impostas por seus credores.
Nesta segunda-feira, os ministros das Finanças da zona do euro devem discutir, em Bruxelas, um pedido de Portugal por mais prazo para pagar os seus empréstimos, uma concessão que poderia ajudar o país a se financiar após o término do programa de resgate de 78 bilhões de euros. O pedido, junto com um similar da Irlanda, espelha os termos obtidos pela Grécia em seu último acordo de resgate.
O governo português já aguarda a aprovação de um outro pedido feito a seus credores – a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) – que lhe permita um prazo maior para reduzir seu déficit orçamentário para a meta de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), ante os estimados 5% no final de 2012.
O desempenho decepcionante de Portugal nos quase dois anos do programa de resgate aumentou a preocupação de que o país está sendo obrigado a encarar fortes medidas de austeridade. Em 2011, os credores estimaram que a economia portuguesa teria uma contração combinada de 4% em 2011 e 2012 e voltaria a crescer em 2013, enquanto o desemprego atingiria o pico de 13% este ano. Em vez disso, a previsão aponta agora para uma contração de cerca de 7% de 2011 a 2013, com o desemprego atingindo 17,3%.
Funcionários do governo português reconhecem que superestimaram a receita fiscal e subestimaram o quanto de dinheiro o país teria de gastar em benefícios sociais para os desempregados. Eles dizem que Portugal tem sido duramente atingido pela desaceleração mais forte do que o esperado na zona do euro, com a qual faz a maior parte do seu comércio.
Sindicatos e partidos da oposição acusam o governo de cegamente fazer cortes de gastos e aumento de impostos sem perceber que contribui para uma espiral econômica descendente. As informações são da Dow Jones.