Perda de cargas

Portos paranaenses não cresceram em 2009

Os portos de Paranaguá e Antonina devem fechar o balanço de 2009 com números estáveis em relação a 2008. Se, por um lado, a administração dos portos vê o fato como positivo devido ao ano de crise, por outro especialistas veem os balanços com preocupação.

Para eles, a perda de cargas para outros portos e problemas como a falta de dragagem, que atrapalhou o transporte no Canal da Galheta durante boa parte do ano, fizeram com que um potencial crescimento deixasse de ser aproveitado.

E o panorama para 2010, ano que tem uma previsão de safra recorde, exige atenção por parte de administradores, que incluem Paranaguá entre os portos onde há risco de “apagão” neste ano.

Até o dia 29 de dezembro, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) já tinha contabilizado a movimentação de aproximadamente 30,28 milhões de toneladas de produtos em 2009.

O número é menor que no acumulado do mesmo período de 2008, quando 32,65 milhões de toneladas tinham sido movimentadas. A queda foi causada por um menor ritmo nas importações, que reduziram de 10,825 milhões de toneladas em 2008, para 8,04 milhões de toneladas em 2009.

As exportações, por outro lado, aumentaram, de 21,83 milhões de toneladas em 2008, para 22,24 milhões de toneladas até 29 de dezembro do ano passado. A Appa também comemora a estabilidade no número de navios que atracaram nos portos de Paranaguá e Antonina, até novembro.

No acumulado até aquele mês do ano passado, o número chegava a 2.139 embarcações, contra 2.148 no mesmo período de 2008. Em matéria divulgada em seu site e na Agência Estadual de Notícias na última semana, a administração dos portos citou executivos da área de agenciamento marítimo, que afirmavam que o equilíbrio no número de navios mostra que a crise econômica internacional não teve maiores consequências no segmento.

Mesmo assim, o maior número de navios atracados e o aumento na carga exportada não devem ser suficientes para evitar uma queda na receita gerada pelas exportações, que deve fechar em US$ 12,5 bilhões em 2009, contra US$ 14 bilhões em 2008, ano que foi considerado muito positivo.

Para o superintendente da Appa, Daniel Lúcio de Souza, entre os principais portos nacionais, o de Paranaguá foi o que teve a menor queda de receita. O motivo apontado por ele foi o mix bem distribuído de produtos movimentados pelos portos.

De acordo com a Appa, no acumulado entre janeiro e novembro do ano passado, 38% das embarcações movimentaram contêineres e 32% movimentaram granéis sólidos.

Cerca de 47% do volume (13,7 milhões de toneladas) movimentado em Paranaguá correspondeu a exportações de granéis sólidos, entre janeiro e novembro. No mesmo período, foram registradas altas na movimentação de açúcar (23%) e soja (17,3%).

Produtividade

Para o economista Luiz Antonio Fayet, apenas análises quantitativas não bastam. Ele lembra que o Porto de Paranaguá é bastante focado em exportação de alimentos, que fazem parte do segmento que menos sofreu com a crise.

Segundo ele, é principalmente a análise de quanto foi exportado em dólares que permite perceber um panorama mais completo da situação. Além disso, ele afirma que, no comparativo com outros portos da região, a produtividade do principal porto paranaense é baixa.

O economista lembra que o transporte em contêineres, por exemplo, cresceu muito pouco em relação a outros estados. De acordo com Fayet, ainda, a perda de produtividade causada pela falta de dragagem no Canal da Galheta, concluída este ano após meses de trabalho, também deve ser considerada.

“Navios com capacidade de 60 mil toneladas saíam com 50 mil. Em um frete para a China, por exemplo, a perda era de R$ 1,70 por saco. Essa é uma questão que poderá s,er reivindicada pelos exportadores”, calcula.

O economista ainda lembra que a velocidade dos investimentos em Paranaguá é menor que em portos concorrentes (Itajaí, Navegantes e São Francisco do Sul, em Santa Catarina), e que isso é determinante para a escolha, por exemplo, na hora de transportar contêineres. “O terminal em Navegantes opera em velocidade muito maior do que em Paranaguá, e 24 horas por dia”, exemplifica.

Safra recorde pode provocar um “apagão” logístico

A expectativa de uma safra recorde em 2010 está gerando, também, preocupação no setor logístico. Isso porque, se a previsão se confirmar e a infraestrutura atual de alguns portos brasileiros -Paranaguá incluído – continuar igual, há risco de um “apagão portuário”.

Para o presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, é preciso que os portos fiquem atentos e acelerem obras importantes para minimizar esse risco.

“As informações que vêm do agronegócio, de que teremos uma grande produção agrícola de 2010, mostram que os portos têm que se preparar, pois há risco de apagão”, alerta Manteli.

No caso de Paranaguá, o presidente da ABTP diz que, devido a uma ociosidade nas operações, que oscila entre 20% e 30%, é possível contornar os problemas. “É uma questão de aprumar a logística”, completa.

Mesmo assim, Manteli acredita que algumas obras ainda sejam necessárias em 2010, como a aceleração da dragagem nos berços de atracação, que também requerem um aperfeiçoamento no cais. Ele também acredita que os acessos terrestres devem ser melhorados.

Segundo ele, em 2009 os relacionamentos dos terminais com a gestão do porto melhoraram, o que tornou possível integração entre todos os atores que operam no local.

Para ele, o desempenho anual de Paranaguá, no ano passado, seguiu a performance dos outros principais portos do País: “Andou de lado, como a economia”, conclui.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna