Ao ver sua taxa de desemprego ficar em 3,4% em setembro, a região metropolitana do Rio roubou definitivamente o posto de Porto Alegre. Tradicionalmente, a região metropolitana da capital gaúcha vinha apresentando o menor desemprego do País, mas de junho a setembro, as taxas vieram acima das registradas em iguais meses de 2013. Em setembro, a taxa do IBGE ficou em 4,9%. No mesmo mês do ano passado, a taxa havia sido de 3,4%.
O movimento foi surpreendente porque a mudança de tendência não apareceu na Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA), feita pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) do governo gaúcho, pelo Dieese e outras instituições locais.
Os dados da PED sempre registraram taxas diferentes das da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, pois as pesquisas têm amostras, abrangências e metodologias diferentes. Por exemplo, o IBGE pesquisa 30 municípios da região metropolitana de Porto Alegre, enquanto a PED abrange 24 cidades – ainda que o peso dos seis municípios seja pequena.
De qualquer forma, os dados sempre caminharam na mesma tendência.
Segundo a PED, a taxa de desemprego em Porto Alegre foi de 5,9% em agosto, último dado disponível, ante 6,5% em igual mês de 2013. Foi a mais baixa taxa para o mês em toda a série da pesquisa, feita desde 1992.
“Este ano mantém patamares inferiores a 2013, em quadro de relativa estabilidade”, diz Dulce Helena Vergara, supervisora da PED pela FEE. Segundo ela, a tendência é o ano terminar com a mais baixa taxa de desemprego da série histórica.
Oculto
Para Cássio Calvete, professor do Departamento de Economia da UFRGS, outra diferença entre as duas pesquisas é a forma de medir o “desemprego oculto”, situação na qual o trabalhador tem uma ocupação precária, como um bico eventual, ou está desempregado, parou de procurar emprego por um tempo, mas procurou trabalho nos últimos 12 meses.
Porto Alegre, ao lado da região metropolitana de Salvador, ficou sem dados para os meses de maio a julho na PME, por causa da greve de servidores do IBGE, que durou 79 dias. Calvete e Dulce, da FEE, dizem não ser possível dizer que a greve possa ter tido alguma influência nas tendências divergentes apresentadas.
Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, descartou essa possibilidade.
Para Adriana, o aumento no desemprego em Porto Alegre nos últimos três meses não é decorrente de demissões. A pressão sobre a desocupação seria causada por pessoas que estavam na inatividade e passaram a procurar trabalho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.