economia

Por dentro do 1º iate da Armani feito no Brasil

O que pode ser mais exclusivo do que um iate de US$ 4,5 milhões, produzido quase artesanalmente por uma marca italiana? Segundo a fabricante Azimut Yachts, no mercado de luxo a ordem é tornar o que já era sofisticado praticamente único. É por isso, de acordo com Davide Breviglieri, presidente da Azimut no Brasil, que a empresa decidiu firmar uma parceria com uma marca de moda, a também italiana Armani.

O primeiro iate da parceria foi produzido neste semestre, em Itajaí (SC), e será apresentado ao mercado no São Paulo Boat Show, evento do setor que começa na próxima quinta-feira, 6. A embarcação, de 22 metros de comprimento (ou 70 pés), tem quatro suítes distribuídas em três pavimentos. A decoração do iate, em tons de cinza e vermelho, foi concebida pela área de cama, mesa e banho da Armani.

O público-alvo deste tipo de embarcação, segundo Breviglieri, são empresários já estabelecidos, e geralmente baseados em São Paulo, mercado que concentra 60% das vendas da Azimut no País. A maior parte dessas embarcações é usada para passeios de fins de semana, geralmente entre as marinas do Guarujá e atrações turísticas próximas, como Ilha Bela (SP) e Angra dos Reis (RJ).

Estratégia

Ao posicionar-se no mercado de alto luxo, a Azimut acaba ficando alheia à crise, de acordo com o executivo. “O cliente de um iate de 70 pés não é um aventureiro na indústria, com certeza ele já teve outros barcos.” Os produtos “de entrada” da Azimut, também produzidos no País, têm entre 30 e 42 pés, mais ou menos a metade do tamanho do decorado com itens da Armani. Os preços caem mais ou menos na mesma proporção.

Embora os produtos da Armani não ajudem no desempenho do iate, o especialista em marcas Ricardo Klein, da Top Brands, afirma que eles podem, sim, fazer diferença. “Geralmente, no mercado de iates e de aviação executiva, muita gente customiza o interior dos equipamentos”, lembra Klein. “O fato de o barco da Armani ser diferente dos demais pode ser uma assinatura final, dar um coeficiente de exclusividade.”

O executivo da Azimut informa que os itens opcionais podem fazer uma embarcação ficar entre 10% e 15% mais cara. A personalização pode se concentrar em itens como decoração até em opcionais mecânicos. É o caso de um equipamento que serve para estabilizar a embarcação quando ela é “estacionada” em alto mar – o item ajuda a garantir que jantares chiques no terraço não acabem em um festival de náusea. Só este opcional sai por cerca de R$ 500 mil.

Expansão

Na contramão da crise, a Azimut já tem planos de expandir sua mão de obra no Brasil. Hoje com 300 funcionários, a empresa projeta, com base nos pedidos já formalizados, que seu faturamento deverá crescer cerca de 16% este ano (em 2015, o faturamento no mercado brasileiro ficou em R$ 140 milhões). Diante do projeto de aumentar as exportações, o executivo prevê a contratação de mais cem empregados até fevereiro de 2017.

Essa necessidade de mão de obra é consequência do padrão de produção. A montagem é feita quase totalmente à mão. O barco da Armani, de 70 pés, leva cerca de três meses para ser produzido. Um novo item que começará a ser feito na fábrica da empresa, de 83 pés, vai consumir cinco meses de trabalho.

E, em alguns casos, a entrega também dá trabalho. Para o iate Armani ser transportado até a São Paulo Boat Show ele precisou ser totalmente desmontado. “Pelo porte, ficaria encalhado em pontes e túneis.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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