Apesar das incertezas políticas e econômicas do Brasil, o pólo industrial da louça de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba, projeta crescimento de 5% no faturamento de 2002 sobre 2001. No ano passado, o setor ampliou em 3% o resultado obtido em 2000. Uma das estratégias para alavancar os negócios é a 11.ª Feira Nacional da Louça de Campo Largo, que acontece de 6 a 15 de setembro no Ginásio de Esportes de Rondinha (Polentão), junto com a 3.ª Feira de Decoração, Artesanato e Produtos para o Lar.
Os organizadores esperam repetir os 70 mil visitantes registrados no evento do ano passado. “Devido ao sucesso da feira anterior, aumentamos o tamanho dos estandes e contratamos profissionais para aprimorar o design dos expositores, o que não existia”, relata o presidente do Sindicato da Louça de Campo Largo, José Maria Arruda Botelho. Serão 43 empresas campolarguenses expondo produtos a preço de fábrica numa área de 800 metros quadrados. “No ano passado, várias empresas participantes não eram de cerâmica. Esse ano priorizamos esse pessoal e em quinze dias vendemos todo o espaço. Cinco empresas que queriam entrar ficaram de fora”, conta.
Segundo Botelho, o principal objetivo da feira é as empresas mostrarem suas novidades e firmarem as marcas já conhecidas. “Várias fábricas levam pontas de estoque ou lançamentos para testar o mercado”. Dentre as linhas exclusivas que a indústria cerâmica prepara para a feira, estão: decorativa, decorativa natalina, hotel e cozinha.
Mercado
Na avaliação do presidente do Sindicato da Louça de Campo Largo, “o mercado está difícil não só para a cerâmica, mas para tudo, não só no Brasil, mas no mundo”. “Mas apesar disso, as empresas estão razoavelmente sadias e estamos otimistas”, salienta Botelho, destacando que “nesse período de expectativa do novo governo é difícil falar em grandes melhoras”. Por conta do cenário cauteloso, o segmento prevê para 2002 uma produção próxima das 450 milhões de peças feitas em 2001.
As 37 empresas do pólo industrial da louça de Campo Largo fabricam 90% da porcelana de mesa nacional, 30% da cerâmica de mesa e 50% da porcelana para eletroeletrônicos e eletromecânica. O setor cerâmico responde por metade do recolhimento do ICMS do município. Parte da produção é exportada para Europa, EUA, Austrália, Nova Zelândia, Caribe, México, Argentina, Uruguai e Paraguai. “Para quem exporta, a variação do dólar afetou positivamente”, comenta Botelho.
“Na época do Collor, o mercado foi aberto sem critérios nenhum. O setor da louça sofreu com as importações da China, que paga U$ 25 mensais por empregado”, historia o presidente do Sindicato da Louça. Com a barreira de 20% de imposto para porcelana importada pelo Brasil, “as coisas se acertaram”, diz Botelho. Mas o número de empregos ainda não se recuperou. Há quatorze anos, a indústria cerâmica de Campo Largo gerava mais de 20 mil empregos; hoje são 12 mil – somando os indiretos.
Para Botelho, uma das maiores dificuldades do setor é a falta de linhas de crédito de órgãos de fomento, como BNDES e BRDE. “Campo Largo, cidade tradicional de cerâmica jamais teve uma ajuda sequer para financiamento”, queixa-se. “Quando pedimos dinheiro no banco, pedem garantia de 200%, enquanto a indústria automobilística financiada chega aí, pega a casinha, bota nas costas e vai embora”, compara, citando a montadora Chrysler, que instalou uma fábrica no município em 1998 e menos de três anos depois fechou a planta.
Um sinal de avanço para o pólo cerâmico de Campo Largo, no entanto, é a inauguração, em março, da Cermassa, primeira fábrica de massa cerâmica da América do Sul. “Na Europa, poucas fábricas fabricam a própria massa e não têm necessidade de investir em moinho e filtro-prensa”, ressalta. A Cermassa atende principalmente pequenas empresas, do Paraná e interior de São Paulo. (Olavo Pesch)
Serviço – A Feira da Louça funcionará das 16h às 22h nos dias úteis e das 10h às 22h nos finais de semana. O Ginásio Polentão fica no km 20 da BR 277, acesso pelo primeiro viaduto para Campo Largo, retorno sentido Curitiba, ao lado da Igreja São Sebastião.