A “quebra da inércia inflacionária” trouxe o Brasil para a “era dos juros baixos”, disse nesta quinta-feira, 23, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira. Com isso, o Banco Central (BC) poderá manter uma política monetária “condizente”, permitindo à economia nacional crescer, nos próximos anos, no nível do Produto Interno Bruto (PIB) potencial, calculado por Oliveira entre 2,5% e 3,5% ao ano.
“Podemos crescer ao nível de 3% sem fechar o hiato do produto”, disse Oliveira, no discurso de abertura da Sessão Especial do Fórum Nacional, organizado pelo economista Raul Velloso, no Rio.
O problema, segundo o presidente do BNDES, é que o crescimento nesse nível é insuficiente para o Brasil galgar posições entre as maiores economias do mundo. Para isso, será preciso avançar na produtividade e eficiência da economia.
Segundo Oliveira, o Brasil avançará na agenda da produtividade a partir do próximo ano, após resolver a reforma da Previdência, necessária para resolver o problema fiscal, “última grande barreira” macroeconômica. O executivo destacou que, nos últimos 40 anos, a agenda esteve focada nos grandes riscos macroeconômicos.
“Ultrapassada a questão da discussão da reforma da Previdência, o que deve acontecer no início do próximo ano, teremos espaço para avançar na agenda da produtividade”, disse Oliveira.
Após a reforma da Previdência, segundo o presidente do BNDES, é preciso atacar itens relacionados à eficiência. O sistema tributário, a melhoria da segurança jurídica, com mais qualidade nos marcos legais, e a melhoria na qualidade dos serviços públicos são as prioridades.
Marcos legais eficientes são necessários para ampliar os investimentos em infraestrutura. “A infraestrutura é a base da eficiência da economia”, afirmou Oliveira, chamando a atenção para a disparidade entre os marcos legais de hoje. A regulação do setor de saneamento, que tem “indicadores deploráveis”, é uma “confusão infernal”.