O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, acredita que a decisão sobre o repasse ao consumidor do impacto da forte alta do petróleo, em razão dos ataques a instalações na Arábia Saudita, vai ser um teste à política de preços da Petrobrás. “A gente (vai) descobrir, de verdade, a política do governo Jair Bolsonaro com relação à Petrobrás.”
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
O mercado já sabe a extensão do ataque na Arábia Saudita?
Não. Sabemos que o ataque reduziu pela metade a produção da Arábia Saudita, que responde por 10% da produção mundial de petróleo. O preço do petróleo teve seu pico de alta, o maior desde a guerra do Kuwait, em 1991. Foi algo bem similar em termos de alta do preço.
Quais os impactos imediatos no Brasil?
O primeiro, e mais óbvio, é a gente descobrir qual é, de verdade, a política do governo Bolsonaro com relação à Petrobrás. Espero que a empresa mantenha o compromisso de adotar uma política de preço alinhada com o mercado internacional. Sendo assim, espero aumento nos preços dos combustíveis nas refinarias para as próximas semanas. O problema é que o governo, até agora, está alinhado com a categoria dos caminhoneiros. Será que ele vai assumir esse desafio? Se não assumir, o mercado vai reagir mal. Se não reajustar o preço e acompanhar o mercado internacional, certamente terá dificuldades em vender as refinarias da Petrobrás, que estão preparadas para serem vendidas.
De quanto seria hoje o aumento para os combustíveis?
Com base no cenário que observamos hoje, que é a possibilidade de o barril do petróleo se estabilizar em um novo patamar, de US$ 75, esse aumento nas refinarias teria de ser de 8% a 10%. Nas bombas, o aumento é sempre menor.
Esse reajuste para o consumidor final viria quanto?
Para as próximas semanas. Não pode ser nada de imediato, já que a Petrobrás precisa avaliar o que vai acontecer com o mercado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.