Responsável pela área que faz as previsões oficiais do governo para o crescimento, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, diz ter um “feeling” que a economia brasileira vai crescer entre 2,5% e 3% em 2020. A previsão oficial, no entanto, ainda continua em 2,17%. Sachsida lança nesta quinta-feira, 17, o documento “Muito Além da Previdência: A economia nos primeiros nove meses do governo”.

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No documento, a secretaria afirma que os modelos que estimam os efeitos de médio prazo das reformas (Previdência, tributária, liberação dos saques do FGTS, abertura comercial, privatizações e concessões) apontam resultados relevantes para o crescimento do PIB na próxima década. Começa em 2020, segundo o secretário, e vai se acelerar de forma sustentável para 3,5%. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

O que é possível esperar de crescimento da economia?
O Brasil está numa encruzilhada. Temos duas opções, vamos avançar com as reformas ou não vamos avançar. Caso o Brasil decida avançar, e eu acredito que o nosso governo veio para isso, podemos ter taxas de crescimento de longo prazo acima de 3% ao ano já a partir do ano que vem. Contudo, se nós não avançarmos na agenda de reformas, os estudos da SPE indicam que o crescimento sustentado de longo prazo da economia brasileira estaria entre 1% e 1,5% (ao ano). Essa é a escolha que nós queremos fazer. Quando falo de crescimento longo prazo nesses valores, não quer dizer que ano que vem vai crescer de 1% a 1,5%. Estou falando do crescimento de longo prazo. O ano que vem vai crescer mais.

Mais do que isso?
Eu acho que ano que vem vai ser muito mais que isso. Na economia, você tem tendências e ciclos. Hoje, dadas as condições atuais da economia, acho que teremos surpresa positiva de crescimento no ano que vem. Acho que no ano que vem vai ser muito melhor do que alguns estão achando.

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Por quê?
Percepção minha. Um ‘feeling’. É claro que quando eu escrevo as projeções da SPE eu não posso escrever meu feeling, tenho de colocar dados. E os nossos dados são 2,17% para o ano que vem. Mas quando você olha cenários, conjecturas e probabilidades de ocorrência de cenários, que eu não posso incluir nos relatórios, quando se permite olhar para frente, eu vislumbro um crescimento surpreendendo positivamente o mercado em 2020. Acho que boas notícias estão a caminho.

O seu “feeling” é baseado em que fatores?
Eu estou olhando para frente e sei que o FGTS vai dar resultado. Os dados mostraram? Ainda não, então não entra na conta. Da mesma maneira que não entra para o bem, não entra pra mal. Agora, se você me permite um ‘feeling’, e aí eu estou colocando meu nome na linha de tiro, um ‘feeling’ que eu tenho é que o crescimento no ano que vem vai estar entre 2,5% e 3%. É um ‘feeling’ que eu tenho baseado na medida (liberação) do FGTS, na redução das taxas de juros, no aumento da confiança, na queda do CDS (risco de calote do País), num amplo conjunto de medidas econômicas que estamos fazendo, que não maturaram ainda, mas vão começar a dar os resultados já a partir de setembro e vão se materializar de maneira muito clara a partir do ano que vem.

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Há certa frustração com o emprego e a retomada do crescimento, não?
Exato, mas a retomada está mudando de figura. Passamos de 2006 a 2016 com a ideia de que a retomada tem de ser feita pelo governo. É o governo que tem de liderar a retomada, é o governo gastando dinheiro, é o crédito direcionado. Nós começamos agora uma agenda completamente distinta. É a economia pelo lado da oferta. Não é questão de demanda. Chega de o governo orientar recursos, chega de o governo ser o grande motor do crescimento, isso tá errado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.