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Mais pessoas tiveram condições de consumo entre o ano passado e este. |
São Paulo (AE) – Entre 2005 e 2006, 2,15 milhões de famílias deixaram a classe de consumo D/E e passaram a integrar a C, de acordo com estudo realizado em meados deste ano pela LatinPanel. Segundo a empresa, no período, houve uma redução de cinco pontos porcentuais da população da faixa D/E. Esse segmento representava 44% do total em 2005 e passou para 39% neste ano. A parcela migrou para a classe C, que passou de 33% para 37% da população do país.
Na avaliação da diretora executiva da LatinPanel Brasil, Ana Cláudia Fioratti, o avanço no período ocorreu, principalmente, devido à aquisição de itens duráveis e semiduráveis, favorecida pelo aumento de renda e acesso ao crédito. No período, houve aumento dos gastos das famílias da classe D/E com itens não duráveis, passando de 29,15% do total em meados do ano passado para 40,3% em agosto de 2006.
A alimentação dentro do lar passou de 23,6% para 30,4% dos gastos no período. Os gastos com produtos de higiene pessoal praticamente dobraram, de 2,2% de participação para 5,2%. A LatinPanel destacou que o norte/nordeste concentra 66% da população da classe D/E. Segundo a empresa de pesquisa, essa classe vai 15 vezes ao ponto-de-venda por mês, com tíquete médio de R$ 7,82.
No início do mandato do presidente Lula, a classe D/E representava 39% da população; a C, 37% e a A/B, 24%. Antes, nas duas gestões de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002, a participação manteve-se, segundo a LatinPanel, com 42% do total na classe D/E, 31% na C e 24% na A/B. No final do mandato de Itamar Franco, em 1994, a participação era de 60% da população na classe D/E, 26% na C e 14% na A/B.
Os três anos e meio do mandato de Lula mostraram um avanço no perfil de consumo das famílias com rendimento de até quatro salários mínimos, das classes D/E, segundo pesquisa da LatinPanel, na área de não duráveis. Essa faixa da população passou a consumir 27 categorias de produtos em agosto deste ano. No final de 2002, a cesta de compras dessa classe continha 21 categorias.
De acordo com a LatinPanel, o consumo das classes D/E passou a contar com sucos em pó, massas instantâneas, caldos de tempero, esponjas sintéticas, extrato de tomate, salgadinhos, leite longa vida e maionese. ?Houve uma sofisticação da cesta de consumo na baixa renda?, afirmou a diretora comercial da LatinPanel e coordenadora do estudo, Margareth Utimura. A classe C passou a contar com as seguintes categorias: pós-shampoo, massa instantânea, caldo, esponja sintética e salgadinhos.
O conjunto de todas as classe da população brasileira registrou maior acesso aos itens de consumo não duráveis. De acordo com estudo da LatinPanel, a penetração de 70 categorias aumentou 15% desde janeiro de 2003 até agosto deste ano. O gasto médio das famílias no período avançou 31%; e o volume médio dos itens adquiridos teve expansão de 5%.
Na classe C, o aumento da penetração desses produtos passou de 28 para 33 categorias entre final de 2002 e agosto deste ano. As classes A/B tiveram acesso a 36 categorias, ante 30 verificadas no início do governo Lula.
Segundo Ana Cláudia houve, entre 2005 e 2006, o maior incremento do consumo de produtos considerados de preços baixos, como opção à baixa renda manter a compra desses itens, mesmo com o endividamento elevado verificado, principalmente, com aquisição de produtos duráveis e semiduráveis.
Na lista de compras, imóveis são a primeira opção, com 64%; e eletroeletrônicos, a segunda, com 33%. A LatinPanel ressaltou a terceira colocação de alimentos, com 29% das intenções de compra e o potencial de crescimento dessa categoria nessa faixa de renda. Entre os itens de eletroeletrônicos citados estão DVD, TV som, fogão e geladeira. Na avaliação da LatinPanel, alguns deles já podem ser o segundo produto do tipo a ser adquirido pela família.
Para as classe A/B, a melhoria de renda possibilitaria a poupança para 15% das famílias; reforma de casa, para 22%; compra de bens, 24%. A classe C pouparia com a renda extra, de acordo com 11% dos entrevistados; reformaria casa, para 26%; e compraria bens, 26%, de acordo com dados coletados em 8,2 mil domicílios brasileiros.