Pobres vão poder comprar carro

São Paulo

– A três meses do fim do mandato, o presidente Fernando Henrique Cardoso deve anunciar, na próxima semana, mais uma medida para tentar ajudar o setor automobilístico. Montadoras, fabricantes de autopeças e Banco do Brasil, por meio da Brasilprev, vão lançar o programa denominado Carro Próprio, em que famílias de baixa renda poderão adquirir um automóvel fazendo uma espécie de poupança mensal. Para um modelo popular básico, a prestação será se R$ 179 ao mês.

O projeto foi desenvolvido pelo Sindicato Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Sindipeças) e vinha sendo negociado com o governo federal há vários meses. O presidente da entidade, Paulo Butori, acredita que haverá um incremento de vendas de pelo menos 200 mil carros anuais. Em agosto, o governo reduziu a alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros populares e modelos com motor até duas mil cilindradas, em parte para ajudar a desovar estoques e incentivar as vendas.

O público-alvo do programa são famílias com rendimento entre cinco a dez salários mínimos (R$ 1 mil a R$ 2 mil). Estão nessas condições, segundo levantamento do Sindipeças, cerca de 8,3 milhões de famílias no País. A fórmula encontrada pelo governo para tornar viável o projeto foi a criação de um seguro de vida, administrado pela Brasilprev, cujo prêmio será um automóvel.

Segundo Butori, o interessado terá de pagar as mensalidades durante três anos. Após esse período, terá efetivado o equivalente a 50% do valor do carro. A outra metade poderá ser financiada pelo sistema bancário normal. Se nesse período a pessoa falecer, o beneficiário receberá o carro, sem precisar pagar o restante das parcelas. “Se as prestações forem interrompidas, o valor pago será devolvido com a correção da poupança.” Durante o período de adesão também serão feitos sorteios, a exemplo do que ocorre no sistema de consórcio.

O presidente do Sindipeças acredita que o anúncio oficial será feito no dia 10 por Fernando Henrique durante a abertura do Salão do Automóvel, que será realizado em São Paulo. A indústria automobilística esperava vender 1,6 milhão de veículos neste ano, mas já refez as projeções e o número não deve passar de 1,5 milhão, 6% a menos que em 2001.

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