A greve de servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) interrompeu os estudos sobre rendimento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que tinham como objetivo adequar os dados da renda domiciliar per capita às exigências da lei complementar que determina o indicador como base para o rateio do Fundo de Participação dos Estados. A informação é do coordenador de Trabalho e Rendimento do órgão, Cimar Azeredo.
“Os estudos, em função da greve, estão paralisados, aguardando a retomada dos trabalhadores, o encerramento da greve, para dar continuidade a esse processo”, contou o coordenador. Segundo Azeredo, parte expressiva dos trabalhadores da Coordenação de Trabalho e Rendimento (Coren) aderiu à greve. “Eu não tenho essa conta (de quantas pessoas da Coordenação aderiram ao movimento grevista), mas parte expressiva delas. As pessoas envolvidas no grupo de rendimento, praticamente todo mundo parou da Coren”, confirmou.
O coordenador do IBGE não descarta possíveis impactos da paralisação nas próximas divulgações tanto da Pnad Contínua quanto da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), caso a coleta seja afetada. Por enquanto, ainda não há registros significativos de prejuízos na amostra de nenhuma das duas pesquisas. Mas, segundo ele, existe a possibilidade de que a próxima divulgação da Pnad Contínua, prevista para setembro, volte a ser cancelada, caso a coleta seja interrompida. “Existe (essa possibilidade), se não tiver coleta no campo. O problema da greve é afetar a coleta. Tem coisas na greve que você consegue recuperar, outras não consegue. Coleta de campo você não consegue recuperar, se conseguir não é a mesma qualidade”, alertou.
O indicador de renda domiciliar precisa estar pronto a tempo de ser divulgado em janeiro do ano que vem. A urgência levou a direção do instituto a anunciar no início de abril a suspensão das divulgações da Pnad Contínua ao longo deste ano, para que fossem concentrados esforços no cálculo sobre rendimentos. A decisão mergulhou o IBGE numa crise institucional. Após um embate com o corpo técnico, a direção voltou atrás e decidiu manter o calendário original da pesquisa.