A variação dos custos dos convênios médicos registrada desde o início do Plano Real, que começou em julho de 1994, atingiu a marca de 341,81% no período, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 225,25%. Esse é o principal indicativo de que as despesas médicas têm subido acima da inflação nos últimos anos, desequilibrando cada vez mais o orçamento dos consumidores.
O problema, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do IPCA, é que essa alta não se restringe aos gastos com o plano de saúde. Além dele, os custos com produtos farmacêuticos e serviços médicos e odontológicos também ficaram acima do índice oficial da inflação, provando que cuidar da saúde tem ficado cada vez mais caro para os brasileiros.
O economista Luís Carlos Ewald, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), argumenta que os gastos com saúde, ao contrário de outras despesas, não podem ser ignorados pelos consumidores. A questão é que as pessoas podem tirar da lista de prioridades coisas como a troca anual do carro, assim como o lazer do fim de semana, mas não têm como simplesmente deixar de lado uma consulta ou tratamento médico quando isso for necessário.
Ewald afirma que ter um plano de saúde é fundamental, pois os hospitais públicos não são mais capazes de atender toda a demanda de forma eficiente. O mesmo vale para consultas com dentistas: normalmente, o ideal é pagar uma consulta particular. Contudo, o economista afirma que as pessoas não devem ter vergonha de ?chorar? por descontos nessas horas.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo de Almeida, os índices de aumento dos convênios médicos, autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), não levam em consideração somente a inflação do período, pois também é preciso levar em conta a correção dos chamados custos médico-hospitalares, ou seja, os gastos referentes à alta dos gastos que as operadoras têm com hospitais, clínicas e laboratórios, por exemplo.
Segundo Almeida, todos os anos há repasse dos custos com salários de médicos, enfermeiros e até mesmo com os produtos utilizados nos procedimentos hospitalares, como gaze, seringas, luvas de plástico e até mesmo suturas.
Índices
Somente neste ano, o reajuste dos convênios médicos foi de 5,48%, válido desde maio. O porcentual é definido pela ANS. Em 2007, o índice tinha sido estipulado em 5,76%. No ano anterior, 8,89%.
Mas esses não foram os ataques mais fortes ao bolso dos usuários Em 2004, a ANS autorizou 11,75% de reajuste e em 2005, mais 11,69%. Na somatória de todos os reajustes desde o início do Plano Real, os planos já reajustaram a mensalidade dos clientes em 341,81%.
Os outros custos de saúde, também essenciais à população, sofreram altas igualmente significativas. O preço dos remédios subiu 228,65% desde 1994, resultado ligeiramente superior ao do IPCA, segundo números do IBGE.
Os serviços médicos e dentários também superaram a inflação do período do Plano Real, com uma alta de 262,33%. Os custos com e laboratórios e hospitais empatou com o IPCA em 225,25%.