O Plano Agrícola e Pecuário 2008/2009 (PAP), que será lançado hoje em Curitiba pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (que chegou a Curitiba ontem à noite), pretende aumentar a participação do Brasil no fornecimento mundial de alimentos.
A estimativa do governo é de ultrapassar os 150 milhões de toneladas de grãos colhidos, um aumento de 5% em relação à safra atual.
O PAP irá oferecer linhas de crédito no valor de R$ 78 bilhões, dos quais, R$ 13 bilhões para a agricultura familiar e R$ 65 bilhões para a agricultura empresarial. Esse valor é superior aos R$ 70 bilhões do ano safra 2007/2008.
De acordo com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães, o PAP pretende estimular a expansão da produção agropecuária, onde o Brasil enxerga uma ?janela de oportunidades?.
Segundo ele, desde 2001 o mundo está consumindo mais do que produz, e somente a Argentina e o Brasil estão fazendo o contrário. Para aproveitar as oportunidades sem perder o controle sobre os preços dos alimentos mais consumidos no mercado interno, governo quer aumentar os estoques oficiais de grãos, principalmente de arroz e milho devendo passar dos atuais 1,5 milhão de toneladas para 6 milhões de toneladas. Guimarães disse que não se trata de uma medida intervencionista, mas sim formar estoque para operar no mercado quando necessário.
?Se os preços caírem no ano que vem, caírem a baixo da safra, o governo usa o instrumento de compra e não subvenção?, comentou o secretário. Ainda não existe um orçamento definido, no entanto Guimarães adiantou que estão negociando R$ 3,8 bilhões.
Outra medida do PAP será uma tentativa de reduzir o impacto do aumento do custo de produção. O maior problema hoje é o preço dos fertilizantes, e segundo Guimarães, o governo irá incentivar empresas a explorar minas já descobertas no País.
O PAP 2008/2009 pretende ainda incentivar a recuperação de áreas degradadas com o objetivo de aumentar a produção, sem ocupar novas áreas ou avançar sobre florestas. Os cerca de 70 milhões de hectares de áreas de pastagens são o foco do ministério para essa ampliação.
Outra medida do PAP será o programa de financiamento do Moderfrota (Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos) com juros mais baixos e sem o flat (comissão de 4%). O novo plano prevê também a correção dos preços mínimos pagos ao produtor, principalmente de arroz, feijão, milho e trigo. E vai ampliar a cobertura de seguro, como forma de garantir a renda e o aumento da produção.
Inflação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, na Argentina, onde se encontrava para reunião de presidentes do Mercosul, que o governo não tem o ?direito de deixar que a inflação volte a atacar o Brasil?.
De acordo com ele, a inflação causada por alimentos é um alerta porque tem mais gente consumindo e é preciso aumentar a produção. Nesse sentido, o presidente explicou que o governo tem uma política de incentivos para produzir mais para ter um estoque regulador mais denso.
Lula mencionou como parte dessa política o Plano Safra, que anunciará em Curitiba, hoje, e o programa para dobrar a produção da agricultura familiar até 2010, a ser lançado amanhã, em Brasília.
?Não se engane. Se tem alguém especulando com a expectativa inflacionária, se tem interesses nessa especulação, não está passando nem perto do governo federal, porque não vamos permitir que a inflação volte?, advertiu. ?Temos a obrigação de fazer um acompanhamento de preços e não brincaremos com a inflação?, enfatizou.