Brasília
– O representante do FMI (Fundo Monetário Internacional) Lorenzo Perez, integrante da missão que visita o Brasil, afirmou ontem que “há muitas afinidades” entre a política econômica que o governo do PT pretende adotar e o que quer o FMI. A declaração foi dada por Peres após a primeira reunião entre os integrantes da missão do FMI com o coordenador do PT na transição de governo, Antonio Palocci, em Brasília.Lorenzo Perez afirmou que saiu “otimista” da conversa em que Palocci expôs a política econômica que o PT pretende adotar no governo. Perez disse que acredita na melhora da economia, mesmo afirmando que a inflação preocupa não só ao novo governo, mas também ao governo atual de FHC. “O governo está tomando providências que podem mudar a expectativa inflacionária e reduzir a inflação”, afirmou. Palocci e a missão do FMI ficaram reunidos por cerca de duas horas em Brasília.
No encontro, foi discutido o programa econômico petista. “O Fundo compartilha algumas idéias deste programa. Tivemos boa impressão neste primeiro contato”, disse Perez. Houve também conversas sobre o acordo firmado entre o FMI e o Brasil em setembro. No entanto, de acordo com Perez, não foi abordada a questão da revisão de metas. “Questões como superávit primário serão discutidas na segunda revisão, daqui a três meses”, afirmou Perez.
Ao ser questionado sobre as divergências recentes entre o FMI e o PT, Palocci disse que a “relação do Brasil com o FMI é uma questão que deve ser tratada com seriedade, mesmo porque é um contrato de US$ 24 bilhões que devem ser disponibilizados ao país”. Ele acrescentou que o contrato estabelecido pelo governo brasileiro significa entrada de recursos para o país e não para o PT. Palocci Filho disse ainda, que o interlocutor do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, com o Fundo, será a equipe econômica, que terá condições de fazer um um diálogo elevado.
“Vamos cumprir os contratos. Isso não significa que os contratos determinem nossa política econômica.” De acordo com ele, o estabelecimento de “mecanismos eficientes” para garantir as metas das políticas fiscal, cambial e monetária ultrapassa o acordo feito com o Fundo. Palocci avaliou que a melhoria das contas públicas pode passar pelos pontos acordados com o FMI ou por questões “que se agreguem a isso”. Seriam, na definição do coordenador, “questões autônomas”.
Palocci procurou mais uma vez dizer qual a taxa de juros que o PT considera ideal. Nesta semana, o Copom está reunido para definir se altera ou não a taxa de 21% anuais. “Uma taxa baixa, mas irreal, não faz bem para a economia. Uma taxa acima do real é péssimo para a economia”, disse. “Nós desejamos que a taxa de juros seja a menor possível”, acrescentou. No entanto, ele afirmou que é preciso “reduzir a distância entre a vontade e a possibilidade”. Palocci também disse que é preciso acompanhar com atenção o cenário econômico internacional. Para o petista, isso será fundamental para o Brasil construir um novo modelo de desenvolvimento sustentável. “O Brasil conta com um cenário mundial melhor. É preciso um ambiente econômico mais sadio.”