Os 2,3 mil funcionários da Pirelli Pneus em Santo André, no ABC paulista, aprovaram na noite de segunda-feira (23) acordo firmado com o Sindicato dos Borracheiros de São Paulo para evitar mais demissões na empresa. Na última sexta-feira, 11 funcionários foram dispensados em decorrência, segundo a empresa, dos altos estoques, o que deflagrou uma greve que durou até a noite de ontem. O acordo reduz por dois meses (abril e maio) a jornada de trabalho em 14% e os salários em 10%. Para compensar a queda nas remunerações, a Pirelli vai antecipar a segunda parcela do décimo terceiro salário. De acordo com o presidente do sindicato, Teresinho Martins da Rocha, a resolução também garante quatro meses de estabilidade aos funcionários.
“Até julho, haverá estabilidade de emprego em tempos de crise. Entretanto, caso os reflexos da recessão continuem, teremos de sentar com os diretores e negociar novamente”, antecipa.
O sindicalista comemorou o acordo, melhor que a proposta inicial da empresa de redução de 20% da jornada e 11% nos salários. De acordo com Rocha, as negociações de readmissão de quatro dos onze demitidos não acabaram. “Esperamos resolver esse problema até o fim desta semana”, afirmou.
Mercado de pneus
A Pirelli não é a única no setor de pneus afetada pela crise financeira internacional. Na semana passada, a Bridgestone Firestone fechou acordo com o Sindicato dos Borracheiros para a aprovação de um Programa de Demissão Voluntária (PDV). Os estoques de pneus também estão elevados e a empresa acredita que pelo menos 10% dos 3,3 mil funcionários devem aderir ao programa. De acordo com o sindicato, o PDV aberto pela Bridgestone deve terminar amanhã.
Na Pneus Continental, a produção baixou de 16 milhões em 2007 para 13 milhões em 2008, o que levou a empresa a propor aos trabalhadores uma redução da jornada de trabalho. A sugestão já foi rejeitada pelos funcionários, que pretendem apresentar contraproposta.
De acordo com estudo divulgado pela consultoria Lafis, especializada em análises setoriais, no ano passado o mercado de pneus cresceu em torno de 3,8%, abaixo da expansão de 5% que o mercado vinha apresentando desde 2004. Para 2009, a expectativa é de crescimento ainda menor: 2,8%. Segundo o estudo, a concorrência com o mercado internacional e a baixa demanda pelo produto em decorrência da queda da produção de veículos são os principais fatores para a retração do mercado.