O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse hoje esperar que os conflitos no Oriente Médio não afetem a balança comercial. Até o momento, os números do comércio exterior brasileiro ainda não foram afetados pelas turbulências na região, acrescentou o secretário-executivo da pasta, Alessandro Teixeira. Porém, explicou ele, a balança comercial leva algum tempo para refletir mudanças num determinado mercado, pois as vendas são baseadas em contratos. Ou seja, os embarques que ocorrem atualmente podem ter sido acordados antes dos tumultos na região.
Dos países afetados pela onda de manifestações, o que mais preocupa o Brasil é o Egito, disse Teixeira. O país é um dos quatro principais mercados para produtos brasileiros na região, ao lado da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã.
No ano passado, o Brasil exportou US$ 1,967 bilhão para o mercado egípcio, que é comprador de carne e outros alimentos. O saldo comercial atingiu US$ 1,798 bilhão, quatro vezes mais do que os US$ 427 milhões registrados em 2003. “Mas eu não acredito que vá afetar a balança”, disse Teixeira. Ele acha que as vendas podem ser interrompidas em casos específicos, mas no geral o comércio vai continuar.
A Líbia, que vive hoje os conflitos mais violentos na região, é um mercado pequeno para produtos brasileiros. As vendas para aquele país somaram US$ 456 milhões no ano passado.
O principal comprador de produtos brasileiros na região é a Arábia Saudita, que no ano passado importou US$ 3,098 bilhões. O país está estável do ponto de vista político. Os árabes compram do Brasil: frangos, minério de ferro, açúcar, milho, carne bovina, soja e também aviões e máquinas para terraplanagem e perfuração.
Tampouco há tumultos no Irã, para onde as empresas brasileiras venderam US$ 2,12 bilhões em mercadorias no ano passado. O principal produto é a carne bovina, seguida de açúcar, milho, farejo de soja, óleo de soja, frangos e compostos nitrogenados.
Arábia Saudita e Irã são também os principais produtores de petróleo, observou Alessandro Teixeira. Por isso, ele espera que a alta dos preços do barril não chegue a afetar de forma significativa a balança comercial. “Pode ter impacto, mas é cedo para saber”, disse.