Pico do IPC, perto de 10%, deve ser entre agosto e setembro, aponta FGV

O Índice de Preços ao Consumidor – Mercado (IPC-M) já acumula alta de 9,33% nos 12 meses até julho, a maior taxa desde novembro de 2003 (11,65%), e deve subir ainda mais, se aproximando dos 10%, entre agosto e setembro. A avaliação é do superintendente adjunto para Inflação do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. “Mas a chance de ultrapassar os dois dígitos em 2015 ainda é pequena”, ressaltou.

O especialista avalia que em dezembro há espaço para uma redução maior da taxa em 12 meses, porque a alta base comparativa do último mês do ano passado, de 0,76% de dezembro de 2014, favorece a desaceleração da taxa acumulada.

Em julho, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) avançou 0,69%, com aceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), para 0,73%, e desaceleração do IPC, para 0,60%, e do Índice Nacional de Custos da Construção (INCC), para 0,66%.

Salomão avalia que a pressão inflacionária do IPA em julho não deve ser repassada ao IPC nos próximos meses, uma vez que a soja, principal pressão de alta neste mês, não tem tanta influência sobre os preços no varejo. Por outro lado, outros itens que pesam mais, como trigo e derivados e bovinos, estão registrando recuo de preços no atacado. “Então, não vejo uma grande pressão de alta vindo de alimentos sobre a inflação ao consumidor em agosto”, estimou. Para ele, a desaceleração dos in natura, que passaram de 1,80% para 0,95% entre junho e julho, pode sinalizar o início de uma “desaceleração sustentável” a partir de agosto.

No sétimo mês do ano, porém, foram os jogos lotéricos e as passagens aéreas os grandes responsáveis pela diminuição do ritmo de alta do IPC. Da diferença de 0,23 ponto porcentual sobre a taxa de 0,83% registrada em junho, 0,14 ponto partiu dos jogos lotéricos, com a dissipação dos efeitos do reajuste concedido. Em julho, o avanço do item foi de apenas 1,58%, ante alta de 49,37% em junho. Já as passagens aéreas contribuíram com um alívio de 0,06, ao passarem de alta de 12,67% para deflação de 13,43% no período, de acordo com a FGV.

Do lado das pressões altistas, Quadros cita o grupo Alimentação, que acelerou ligeiramente de 0,98% em junho para 0,99% em julho, e um período em que era esperada desaceleração dos preços. “Apesar de não haver uma preocupação de pressões de alta, já que trigo e bovinos estão desacelerando no IPA, por exemplo, não é possível afirmar que começa uma onda de alívio nos preços ao consumidor”, estimou.

Os preços de serviços também não devem dar trégua ao IPC nos próximos meses. Apesar da desaceleração na margem, ao passarem de alta de 0,88% para avanço de 0,61%, no acumulado em 12 meses a inflação deste grupo seguiu avançando e passou de 11,02% para 11,23%. A título de comparação, a FGV destaca que em dezembro de 2014 a taxa acumulada era de 7,84%. “Olhando estes números, ainda não tem nada que sinalize o início de um processo de arrefecimento da inflação de serviços”, afirmou.

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