O economista Fábio Fonseca, professor do Ibmec Business School e ex-superintendente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), considerou acertada a mudança de atitude do Banco Central (BC), mas alerta para os efeitos que um novo aumento do compulsório pode trazer: juros mais altos e menor capacidade de crédito dos bancos. Isso, segundo ele, prejudica ainda mais a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que já está muito baixa.
A questão, comenta Fonseca, é que não havia outra alternativa para fazer recuar a ?alta alucinada? do dólar. ?O BC está usando os instrumentos clássicos de política monetária e diminuindo o fogo da panela de pressão?, afirmou. Como as medidas só começam a vigorar, na prática, a partir de segunda-feira, a redução imediata, hoje, da cotação do dólar é atribuída por Fonseca à percepção do mercado de que o governo mudou de atitude e vai reagir à especulação. ?Acabou a história de que o mercado resolve o problema. Quando o mercado está irracional, quem tem de resolver é o Estado.?
Para ele, o fato de a elevação pelo BC, no início da semana, de 50% para 75% na exigência de capital sobre a exposição líquida em câmbio dos bancos não ter surtido o efeito desejado mostrou que quem estava especulando com a moeda americana não estava operando no limite. Agora, com um novo aumento da exigência, desta vez de 75% para 100%, é ?esperar para ver?.
De qualquer forma, o economista considera o aumento do compulsório um ônus também para toda a sociedade. ?Na verdade, está sendo repartido pela sociedade inteira o custo da especulação.?