Foto: Ciciro Back/O Estado |
Luiz Fernando Furlan: influência de eventos de curto prazo. |
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano vai crescer ao redor ou acima de 4%. Ele rebateu informações divulgadas neste final de semana na imprensa segundo as quais a atividade está se desacelerando. ?Somos muito influenciados por eventos de curtíssimo prazo?, disse o ministro.
Ele lembrou que os últimos números da produção industrial (-1,7% em junho, na comparação com maio, pelo IBGE) foram afetados, por exemplo, pela Copa do Mundo, quando indústria e comércio demitiram funcionários, e também pelo ?frio que não veio? e limitou as vendas de alguns setores. As projeções do mercado financeiro para a economia, no entanto, são inferiores às do ministro. A pesquisa semanal Focus de hoje trouxe estimativa de expansão do PIB em 3,53% este ano, ante 3,55% no levantamento anterior.
?Temos sim uma base de crescimento consistente e as variações sazonais serão compensadas. Para isso, precisamos manter a redução dos juros e desonerar a produção?, afirmou. Furlan participou de encontro com empresários em São Paulo.
Furlan disse ainda que o mês de agosto terá recordes nas exportações e na conta corrente de comércio. As vendas externas devem ultrapassar US$ 13 bilhões neste mês, segundo estimativa do ministro a partir dos números divulgados até agora, o que significará que, pela segunda vez na história, as exportações ficarão acima desse valor.
O ministro rebateu que o desempenho do setor externo seja responsável pelas projeções de queda na atividade nos próximos meses, e por uma eventual redução nas projeções de alta do PIB em 2006. ?Os números do setor externo mostram uma vitalidade e um dinamismo muito grandes. As exportações crescerão acima de US$ 130 bilhões neste ano, e, no acumulado de 12 meses, já registram alta de 15%?, afirmou.
Furlan admitiu que alguns setores, como têxteis, calçados e móveis, têm desempenho pior que em anos anteriores, mas disse que há uma série de outros setores com forte crescimento, que continuam a puxar as exportações.
Perguntado sobre eventuais divergências entre ele e o Ministério da Fazenda, Furlan respondeu: ?Não há divergência, mas busca de convergência?.
Há duas semanas, o secretário de Política Econômica, Julio Sergio Gomes de Almeida, veio a público rebater afirmações anteriores de Furlan sobre redução de impostos. O secretário foi desautorizado pelo seu superior, o ministro Guido Mantega, e Furlan, em férias, ainda não havia falado sobre o assunto.