O PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas) brasileiro somou R$ 1,3 trilhão até o terceiro trimestre deste ano, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No mesmo período de 2003, o PIB correspondia a R$ 1,139 trilhão. O crescimento do PIB no terceiro trimestre, já divulgado, foi de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado. No ano, a economia brasileira acumula crescimento de 5,3%.
Segundo o IBGE, o crescimento do PIB do terceiro trimestre foi impulsionado pelo consumo das famílias, pelos investimentos e pela atividade industrial.
Somente no terceiro trimestre deste ano, o valor do PIB chegou a R$ 457,736 bilhões. Em todo o ano passado, o PIB totalizou R$ 1,556 trilhão.
No terceiro trimestre deste ano, o consumo das famílias agregou ao PIB R$ 250,097 bilhões. Os investimentos foram de R$ 96,158 bilhões e o consumo do governo somou R$ 82,222 bilhões.
A indústria agregou ao PIB o equivalente a R$ 168,278 bilhões. Já a agropecuária e os serviços, somaram R$ 35,464 bilhões e R$ 226,309 bilhões, respectivamente.
Pib x dívida
A relação da dívida do setor público com o PIB (Produto Interno Bruto), indicador que mede a capacidade da economia de produzir riquezas para financiar sua dívida, terá neste ano a primeira queda em relação ao ano anterior desde 1994. Em dezembro de 2003, a relação dívida/PIB era de 57,2% e deve fechar este ano em 52%, segundo estimativas do Banco Central.
Entre 1993 e 1994, a dívida caiu de 32,56% para 30,02% do PIB. "As contas fiscais vêm dentro do esperado, com redução da dívida", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Para Lopes, a meta do superávit primário (receitas menos despesas, excluindo gastos com juros) para o ano que vem, que é de 4,25% do PIB, dá "condições de manter uma trajetória de redução da relação dívida/PIB".
Ainda de acordo com Lopes, a divulgação da revisão do PIB teve um impacto positivo para a redução da dívida, assim como a apreciação do real frente ao dólar, que só no mês passado foi de 4,4%.
"O crescimento bem mais forte do produto leva a uma queda da relação dívida/PIB", disse.
Nas contas do BC, o PIB foi de R$ 1,722 trilhão até outubro deste ano. Esse valor é diferente dos números divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas não é uma diferença "significativa".
"A tendência é de desaceleração, mas isso não significa que não vamos ter pontos de elevação", completa.
Metodologia
O PIB é a soma das riquezas produzidas por um país. É formado pela indústria, agropecuária e serviços. O PIB mostra o comportamento de uma economia.
O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Nesse caso, o PIB é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.
Economia do governo supera a meta
A economia do setor público entre janeiro e novembro supera em quase R$ 6 bilhões a meta de economia do governo para o ano de 2004. O setor público consolidado (União, estados, municípios e estatais) registrou um superávit primário (receita menos despesas, excluídos os gastos com juros) de R$ 84,829 bilhões até novembro.
A economia de recursos feita para o pagamento de juros é equivalente a 5,29% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas em um país). Esse é o melhor resultado primário no acumulado até novembro da série histórica do Banco Central, iniciada em 1991.
A meta do governo para o ano, elevada em 0,25 ponto percentual em setembro, é economia 4,5%, o equivalente a cerca de R$ 79 bilhões. Já o acordo com o FMI, acertado no ano passado, prevê uma economia de R$ 71,5 bilhões (4,25% do PIB) até o final do ano.
Embora o superávit já tenha superado a meta do ano, o resultado pode mudar em dezembro. Isso porque é nesse mês que se concentram os maiores gastos do governo, com o pagamento do décimo terceiro do funcionalismo público, por exemplo.
O governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) contribuiu para esse resultado com um superávit primário de R$ 2,477 bilhões para o resultado consolidado, enquanto os governos estaduais e municipais fizeram uma economia de R$ 1,433 bilhão. As empresas estatais tiveram um superávit de R$ 2,947 bilhões.
No acumulado do ano, a economia foi resultado de um superávit primário de R$ 55,495 bilhões do governo central, de R$ 17,861 bilhões dos governos regionais e de R$ 11,473 bilhões das estatais.
Juros
No mês passado, os gastos com juros nominais somaram R$ 10,317 bilhões. Portando, o resultado primário obtido pelo setor público consolidado, de R$ 6,857 bilhões, não foi suficiente para cobrir toda a despesa com juros do mês, o que resultou em um déficit nominal (saldo negativo entre receitas e despesas, incluindo os gastos com juros) das contas públicas de R$ 3,460 bilhões no período.
Entre janeiro e novembro, o setor público consolidado teve despesas com juros nominais no valor de R$ 116,687 bilhões, que também não foram totalmente cobertas com o superávit primário do período (R$ 84,829 bilhões). Com isso, o déficit nominal das contas públicas no acumulado do ano soma R$ 31,859 bilhões, ou 1,99% do PIB. No mesmo período do ano passado, o déficit era de 4,66% do PIB. Lopes prevê que o déficit nominal no ano fique em 2,9%. Se isso ocorrer, será o melhor resultado da história.
Dívida
A dívida líquida do setor público atingiu em novembro R$ 941,1 bilhões, o que representa 51,1% do PIB, contra R$ 945,4 bilhões (51,9% do PIB) do mês anterior. Em dezembro do ano passado, a relação dívida/PIB era de 57,2%.