Rio
– O Produto Interno Bruto (PIB) do País atingiu R$ 612,9 bilhões no primeiro semestre. Houve queda significativa de investimentos, consumo das famílias, exportações e importações. Somente o consumo do governo apresentou crescimento, ainda que em menor ritmo do que no ano passado. Os dados foram divulgados ontem (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são um detalhamento, sob a ótica da demanda da economia, da variação do PIB em volume divulgada anteriormente e que mostrou um pequeno crescimento (0,14%) no primeiro semestre, ante igual período do ano passado.A formação bruta de capital fixo (investimentos), que nos primeiros seis meses de 2001 teve expansão de 6,77%, no mesmo período deste ano caiu 7,33%. Pelo menos 60% dessa redução deve-se à retração do segmento de construção civil, explicou o gerente do PIB Trimestral do IBGE, Roberto Olinto.
Ele disse que a queda nos investimentos deve-se a todo um quadro conjuntural adverso no primeiro semestre, incluindo taxas de juros elevadas, um curto período de racionamento energético, crise argentina, problemas na economia norte-americana e expectativas em relação ao resultado das eleições. Apesar da redução significativa, Olinto alerta que ainda não é o momento de definir se esta será a tendência para os investimentos no ano. “É um quadro que ainda deve ser olhado como provisório”, afirmou. Outra queda significativa, nas importações (redução de 18,3%, ante expansão de 14,8% no primeiro semestre do ano passado), acabou sendo um dos principais fatores de contribuição para a variação positiva do PIB de 0,14% no primeiro semestre. Olinto disse que a queda é resultado do dólar em nível elevado e do reduzido crescimento da economia. As exportações também caíram no período, com variação de 4,9%.
Olinto ressaltou, entretanto, que a principal contribuição positiva para o PIB semestral foi mesmo o consumo do governo, com aumento de 1,07% no período, ainda que o crescimento tenha sido inferior ao do primeiro semestre do ano passado (2,3%). Segundo ele, o consumo governamental acompanha o crescimento demográfico e, por isso, sempre apresenta trajetória de crescimento.
O consumo das famílias caiu 0,82% no semestre, ante expansão de 3,5% no mesmo período de 2001. Olinto interpreta a queda como resultado da redução da massa salarial e, conseqüentemente, do poder de compra das famílias.
Na composição dos R$ 612,9 bilhões do PIB do primeiro semestre, R$ 67,9 bilhões referem-se a impostos sobre produtos. O consumo das famílias totalizou no semestre R$ 367,8 bilhões, seguido pelo consumo do governo, com R$ 116,4 bilhões, e pelos investimentos, com R$ 115 bilhões. As exportações atingiram R$ 72,4 bilhões e as importações, R$ 72,7 bilhões.