PIB do primeiro trimestre cresceu 1,4%

O produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre do ano cresceu 1,4% na comparação com o último trimestre de 2005, segundo informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa de crescimento da série, neste tipo de comparação, desde o terceiro trimestre de 2004. Na comparação entre o resultado do primeiro trimestre deste ano e o mesmo de 2005, o crescimento do PIB foi de 3,4%. A taxa acumulada de crescimento em quatro trimestres, até março, ficou em 2,4%.

Os destaques foram, segundo a gerente de Contas Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, os investimentos que cresceram 3,7%, na comparação com o trimestre anterior e 9%, com o mesmo trimestre do ano passado, e a indústria, que cresceu 1,1% e 5%, respectivamente.

O resultado positivo dependeu do desempenho do mercado interno, já que, pela primeira vez, desde o quarto trimestre de 2003, o setor externo dá contribuição negativa para o PIB. No primeiro trimestre de 2006, na comparação com mesmo período de 2005, as importações cresceram 15,9%, enquanto as exportações, que se expandiram, 9,3%.

O último ano em que o setor externo deu uma contribuição negativa para o PIB foi o de 2000, quando as importações se ampliaram em 11,6% e as exportações cresceram 10,6%.

De 2001 a 2003, o crescimento foi baseado no fato de as exportações crescerem mais do que as importações. A partir de 2004, o crescimento do PIB passou a ser baseado no setor interno, porém com as exportações crescendo mais do que as importações e com a demanda externa contribuindo positivamente.

Segundo Palis, tanto a queda na taxa de juros quanto o câmbio influenciaram os resultados do primeiro trimestre. O juro menor incentiva o investimento e o consumo, enquanto o real valorizado possibilita o aumento das importações, inclusive de máquinas e equipamentos para investimento. Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, as importações de bens e serviços cresceram 11,6%, a maior taxa registrada desde 1996 – no resultado comparado entre o quarto e o terceiro trimestre daquele ano.

Palis observou que a construção civil, que pesa tanto na indústria quanto no investimento, cresceu 7% em relação ao primeiro trimestre de 2005, influenciada pelo crescimento do crédito direcionado ao setor de habitação (17,2%); pela queda na taxa de juros e pelas obras de infra-estrutura que, normalmente, aumentam em ano de eleição. A gerente do IBGE citou como exemplo o Programa de Recuperação de Rodovias do governo federal, que ficou conhecido como ?Operação Tapa-Buracos?.

Assim, as eleições e a expansão do crédito influíram positivamente. O crédito do sistema financeiro com recursos livres para pessoas físicas cresceu 35,2% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Já a massa salarial, no mesmo período, cresceu 4,9%.

Por isso, pelo décimo trimestre consecutivo, o consumo das famílias registrou crescimento de 0,5%, quando comparado ao último trimestre de 2005, e de 4%, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

A expansão de 1,4% equivale a uma taxa anualizada de 5,7%. O IBGE, no entanto, tem objeções técnicas a esse procedimento (anualização), que procura projetar qual seria o crescimento anual se a economia continuasse crescendo, a cada trimestre, no mesmo ritmo. ?Só os americanos fazem isso. Nenhum outro país faz. Você corre o risco de magnificar uma coisa que pode não ser uma tendência?, disse Rebeca.

Setores

Segundo o IBGE, o crescimento de 5% na indústria foi o principal responsável pela alta de 3,4%, no PIB, no primeiro trimestre de deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.

As atividades que mais contribuíram para a expansão da indústria foram mineração (12,6%) e construção civil (7%). O crescimento da extração mineral foi puxado pelo aumento de 12,7% na produção de petróleo e gás e de 16,8% na produção de minério de ferro.

O setor de serviços teve aumento de 2,8%. Os maiores destaques foram o comércio atacadista e varejista (4,8%) e o de transportes (3,6%).

Dos três setores que entram no cálculo do PIB, o agropecuário foi o único que contribuiu negativamente, com queda de 0,5%. O IBGE cita que, de acordo com a pesquisa de abril sobre a safra de 2006, houve grandes quedas em produtos como algodão (-22,4%) e arroz (-15,8%).

Na comparação entre o resultado do primeiro trimestre de 2006 e o último de 2005, a indústria cresceu 1,7%; os serviços, 0,8%; e a agropecuária, que melhorou seu desempenho com o fim do problema da febre aftosa, cresceu 1,1%.

Tributos

Os impostos sobre produtos cresceram mais do que o valor adicionado pelos setores de indústria, agropecuária e serviços, apontou o IBGE.

No primeiro trimestre deste ano comparado ao mesmo período do ano passado, os impostos sobre produtos aumentaram 5,7%, enquanto o valor adicionado pelos três setores foi de 3,2%, resultado das variações de +5,0% da Indústria, de +2,8% dos Serviços e de -0,5% da Agropecuária.

No acumulado de quatro trimestres até, inclusive, o primeiro deste ano, os impostos sobre produtos tiveram alta de 4,1% e o valor adicionado pelos três setores econômicos cresceu 2,2%, como resultado das variações da Indústria (+3,0%) e de Serviços (+2,2%). A Agropecuária não apresentou expansão nem queda.

Revisões

O IBGE fez apenas revisões marginais nos resultados anteriores. O resultado do PIB de 2005 foi mantido em 2,3%. O resultado do último trimestre do ano passado sobre o terceiro trimestre foi revisado de +0,8% para +0,9%, enquanto o resultado do terceiro trimestre sobre o segundo foi revisto de -0,9% para -0,8%.

O PIB do segundo trimestre de 2005 sobre o primeiro também foi revisto de +1,4% para +1,3%. O do primeiro trimestre foi mantido em +0,1%.

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