O desenvolvimento econômico em 2010 teve contornos mais fortes no Paraná. De acordo com dados preliminares do Produto Interno Bruto (PIB), o Estado alcançou 8,3% de crescimento ante 7,6% do nacional.
O percentual atingido pelo Paraná é o melhor dos últimos 14 anos, segundo o acompanhamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
Contudo, nos últimos anos da série do Ipardes, o Estado apresentou um desempenho irregular e, diferentemente da década de 90, muitas vezes inferior ao restante do País.
Na média, desde 2003, o PIB nacional evoluiu 4% ao ano e o Paraná, 3,6%. Na comparação com 2009, atualizados pelo Ipardes neste início de ano, nota-se que o Paraná saiu de uma situação mais grave para a retomada do crescimento, já que o PIB regional havia recuado 1,2% em relação a 2008, enquanto o do País apresentou uma queda de 0,6% no mesmo período.
“A crise teve reflexos mais profundos no Paraná, principalmente em setores que dependiam das exportações como o agronegócio e o setor automotivo. Porém, foram exatamente esse segmentos que mais alavancaram os números de 2010. Tivemos uma supersafra e o fortalecimento do mercado interno, acompanhado da retomada das exportações, provocaram um “boom” nas vendas de automóveis”, destaca o presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço.
Para ele, boa parte dos números da economia do Estado em 2010 pode ser creditada às políticas econômicas nacionais, como aumento real da massa salarial, crescimento do crédito (que beirou 50% do PIB nacional no final do ano passado) e a elevação dos gastos públicos em todas as esferas do poder.“Tais medidas, por outro lado, pressionaram a inflação a ponto de levar o Banco Central a lançar mão de mecanismos de contenção do crédito. Isso deve impactar em um crescimento menor para o PIB nacional de 2011, entre 4% e 4,5%. Mas o PIB paranaense deve seguir acima do brasileiro porque, nos últimos oito anos, o relacionamento do governo estadual com a iniciativa privada não foi favorável ao desenvolvimento, algo que começa a mudar agora”, observa.
“Com a deterioração da infraestrutura do Estado e os problemas políticos não só perdemos a locomotiva do desenvolvimento, mas também alguns vagões, pois várias empresas deixaram o Paraná para se instalarem em outros estados. Um claro exemplo disso foi a fábrica de eletroeletrônicos Britânia”, critica.
Segundo Lourenço, um dos caminhos para a recuperação do dinamismo econômico do Paraná começou a ser traçado com o ajuste fiscal iniciado pelo governador Beto Richa, com a recomendação de redução de 15% nas despesas de custeio.
“É uma clara manobra para propiciar recursos para o investimento, que amplia a capacidade produtiva, ao contrário do custeio que só representa despesas sem desenvolvimento continuado”.