PIB do Brasil não deve chegar aos 3,5%

São Paulo (AE) – A projeção revisada para 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006, feita pelo Banco Central, não deve se confirmar, segundo a avaliação do ex-presidente do BC, Affonso Celso Pastore. Para ele, com uma taxa de investimento total de cerca de 20% do PIB, o produto potencial do Brasil dificilmente ultrapassará os 3% ao ano.

?Nas políticas atuais, o crescimento que teremos esse ano, que não são os 4% do ministro (Guido) Mantega nem os 3,5% do Banco Central, é próximo dos 3%, que está perto do PIB potencial?, disse ontem, em palestra no 1.º Seminário Internacional sobre Renda Fixa e Mercado de Balcão da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima).

Para Pastore, qualquer esforço para um maior crescimento será em vão sem um profundo ajuste fiscal do lado das despesas governamentais. Entretanto, o ex-presidente do BC se disse pessimista em relação à efetivação de tal reforma, dado o quadro político atual. ?Do lado fiscal, a perspectiva é extremamente preocupante?, disse Pastore.

Pastore ainda relatou um encontro entre agentes do mercado financeiro e o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, do qual ele não participou, no qual o ex-coordenador da campanha à reeleição de Lula teria afirmado que uma reforma da Previdência não é necessária, e também dado sinais de que não há grandes preocupações relativas ao encaminhamento de outras reformas. ?Eu espero que ele seja só presidente do PT, e que se o presidente Lula for eleito ele não seja uma figura importante na formulação da estratégia econômica do governo. Se for, é extremamente preocupante?, avaliou.

Apesar do pessimismo no tocante à redução dos gastos do governo, Pastore se mostrou confiante na trajetória mais acentuada da queda da taxa de juros que, para ele, será mais acentuada do que o mercado espera. Segundo a avaliação do economista, o patamar da taxa de câmbio, que tem contribuído fortemente para a queda dos índices inflacionários, continuará permitindo um maior corte da Selic. ?Olhando para esse cenário de inflação, o ciclo de queda da taxa de juros vai continuar tão intenso quanto está agora por mais tempo do que o mercado vinha julgando?, afirmou.

Ele lembra que a inflação recuou acompanhando a valorização do real, mas que o movimento continuou mesmo após uma razoável estabilização da taxa de câmbio. ?A inflação caiu quando o câmbio a trouxe para baixo, e continuou caindo quando o câmbio parou (de cair)?, analisou.

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