A acentuada retração na atividade econômica da construção civil foi influenciada pela restrição de crédito e pela fraca demanda por imóveis residenciais, ao mesmo tempo em que as grandes obras de infraestrutura continuam a ser impactadas pelo ajuste fiscal do governo, avalia o economista Raone Costa, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).

continua após a publicidade

Para ele, há pouca perspectiva de melhora no curto prazo, mas os próximos trimestres devem apresentar resultados negativos mais amenos.

“A construção civil é uma atividade industrial, que está sendo afetada na veia por toda a crise econômica no País. Dentro do segmento, a parte de incorporação está sofrendo muito, o que pode ser visto na pesquisa FipeZap com a queda de preços reais dos imóveis”, afirmou o economista.

“A restrição de crédito da Caixa Econômica Federal (CEF) também deve ter impactado o setor, embora não seja possível quantificar o efeito de maneira exata”, acrescentou.

continua após a publicidade

Ainda dentro da construção civil, o economista ressaltou que as obras governamentais tem sido impactadas por operações mais morosas, diante da falta de dinheiro do governo federal e das investigações de grandes empresas no âmbito da Operação Lava Jato. “Estamos em momento de ajuste e não vemos tão próximo o fim desse processo”, afirmou.

De acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil recuou 8,2% no segundo trimestre frente igual período do ano passado. O ritmo de baixa foi bem mais acentuado que o resultado anual do primeiro trimestre, quando a retração havia sido de 2,9%.

continua após a publicidade

Com isso, na relação com os três primeiros meses de 2015, o PIB no segmento registrou queda de 8,4%, marcando a maior queda na indústria, de acordo com o IBGE. Para Raone Costa, há poucas expectativas de melhora significativa no setor no curto prazo, mas o setor não deve continuar a cair 8%, “até porque a base de comparação está mais baixa”.

“A parte de pequenas obras, como de incorporação, só deve melhorar com o avanço da economia como um todo, como controle da inflação e diminuição na taxa de juros. Mas não parece que estamos próximos desses pontos ainda. Além disso, o setor tende a reagir com alguma defasagem”, afirmou o executivo. “Mesmo quando as notícias positivas começarem a chegar, o setor ainda deve levar algum tempo para melhorar. Devemos continuar numa tendência negativa, mesmo se for a um ritmo mais amenos que 8%”, acrescentou.