A economia brasileira fechou 2004 com R$ 1,769 trilhão. Somente no quarto trimestre do ano passado, o valor do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de bens e serviços produzidos no País – foi de R$ 479,3 bilhões. Em 2003 o PIB foi de R$ 1,556 trilhão e no quarto trimestre daquele ano, R$ 416,2 bilhões. Os dados das contas nacionais trimestrais em valores referentes a 2004 foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2004, a renda per capita (total do PIB dividido pela população) foi de R$ 9.743,00, bem acima dos R$ 8.694,00 registrados em 2003, representando um aumento real de 3,7%. A capacidade de financiamento do País alcançou R$ 35,6 bilhões, contra R$ 11,2 bilhões em 2003. O consumo das famílias foi de R$ 978 bilhões, contra R$ 883 bilhões em 2003.
O crescimento do PIB no ano passado, divulgado há cerca de 30 dias, foi de 5,2% em relação a 2003, a maior expansão desde 1994. Segundo o IBGE, as alavancas do crescimento da economia em 2004 foram a indústria, o consumo das famílias e a retomada dos investimentos. Na indústria, bens de consumo duráveis (móveis e eletrodomésticos) e bens de capital (máquinas e equipamentos) lideraram a expansão.
Os impostos também tiveram um papel fundamental no crescimento do PIB no ano passado. Segundo dados do IBGE, a tributação cresceu 8,5%. Boa parte da riqueza produzida pelo País ficou nas mãos do governo, que tem por função redistribuir impostos para serviços como saúde e educação. Sem a influência dos impostos, o crescimento do PIB teria sido de 4,8%.
Em 2004, o consumo das famílias agregou ao PIB R$ 978 bilhões. Os investimentos representaram R$ 346,2 bilhões e o consumo do governo somou R$ 332,3 bilhões. Já os impostos somaram R$ 185,1 bilhões. A indústria contribuiu com o equivalente a R$ 616 bilhões. Já a agropecuária e os serviços somaram R$ 159,7 bilhões e R$ 881,6 bilhões, respectivamente.
Metodologia
O PIB é a soma das riquezas produzidas por um país. É formado pela indústria, agropecuária e serviços. O PIB mostra o comportamento de uma economia.
O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Nesse caso, o PIB é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.
Consumo se recupera, mas só um pouco
O consumo das famílias começou a se recuperar e cresceu 4,3% no ano passado. Apesar disso, sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) atingiu o menor patamar da série histórica, iniciada em 1991, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O crescimento mais acentuado do investimento e das exportações justifica a redução na influência.
No ano passado, a participação do consumo das famílias ficou em 55,3%. A participação do investimento e da variação de estoque passou de 19,8% em 2003 para 21,3% do PIB em 2004. Já as exportações passaram de 16,4% para 18%.
Segundo a gerente de Contas Nacionais Trimestrais, Rebeca Palis, a mudança não representa um quadro menos favorável para a economia. ?O consumo das famílias é o que tem maior peso sob a ótica da demanda no cálculo do PIB. No ano passado ele perdeu participação por ter crescido menos do que exportações e investimentos e também porque a variação dos preços no consumo das famílias não foi tão alta?, disse.
Palis destacou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou uma variação menor, de 6,6%, do que o IPA (Índice de Preços do Atacado), de 10,5%, calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).
O consumo do governo também teve queda na participação e passou de 19,9% para 18,8% também pelo crescimento acentuado de investimentos e exportações.
Em 2004, as famílias consumiram R$ 95 bilhões a mais do que em 2003. Deste total, no entanto, a maior parte é fruto do aumento de preços: R$ 56,8 bilhões. O aumento no poder de compra, no volume de aquisição de produtos, ficou em R$ 38,2 bilhões.
No consumo do governo, a variação dos preços teve papel ainda mais acentuado. Dos R$ 22,7 bilhões gastos a mais pelo governo, R$ 20,6 bilhões são resultado do aumento nos preços.
Na mesma comparação, as exportações refletiram o aumento do volume de produtos vendidos ao exterior. Dos R$ 63,6 bilhões adquiridos a mais em 2004 na comparação com 2003, R$ 45,8 bilhões representam acréscimo de volume exportado.