Os modelos de previsão do Produto Interno Bruto (PIB) utilizados pela equipe econômica indicam que o Brasil entrou em recessão no primeiro trimestre e o tombo da economia foi bem maior do que se esperava, entre 2% e 3% – é provável que fique mais perto dos 3%. Os números oficiais serão divulgados apenas no dia 9 de junho. Essas estimativas são baseadas tanto no comportamento da arrecadação de impostos quanto no desempenho do setor industrial, que apresentou queda de 7,9% nos três primeiros meses do ano ante o último trimestre do ano passado.
Os economistas costumam dizer que um país entra em recessão técnica quando apresenta queda no PIB por dois trimestres seguidos. Como o PIB brasileiro caiu 3,6% no último trimestre de 2008 e sofreu novo baque no primeiro trimestre de 2009, os técnicos consideram que estaríamos em recessão técnica, apesar de essa definição ser questionada.
O próprio governo já ensaia um discurso para tentar apagar da memória do mercado a má impressão causada pelo primeiro trimestre. “O ritmo de recuperação é muito mais forte do que se pode imaginar”, disse ao Estado um ministro, avaliando que a recessão (ou como se queira chamar as duas quedas seguidas no PIB) não passou de um soluço da economia.
Os técnicos da equipe econômica, entretanto, não são tão otimistas quanto ao ritmo de recuperação. “A Bolsa de Valores está subindo sem que tenha ocorrido nenhum fato relevante, impulsionada pelo capital externo, que talvez tenha sido atraído pela queda dos juros”, diz um assessor econômico do governo.
Originalmente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, previa que a economia permaneceria estabilizada nos três primeiros meses de 2009. Extraoficialmente, entretanto, a piora dos indicadores econômicos levou os técnicos a estimar uma queda em torno de 1,5%. Mas os novos números que surgiram na semana passada apontam retração maior. Os piores resultados são previstos quando os técnicos utilizam os dados da arrecadação para estimar o que ocorreu na economia. A queda de receita indica redução de mais de 4% no nível de atividade em relação ao último trimestre de 2008. Os números extraídos do setor industrial indicam que, no mínimo, a queda do PIB chegaria a 1,9%. Ou seja, mesmo que o setor de serviços e a agricultura não tenham recuado no primeiro trimestre, ainda assim a economia teria queda de 1,9%.