Grampos da Polícia Federal no âmbito da Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira, 17, revelam as conversas de funcionários da BRF sobre o bloqueio de cargas exportadas para a Europa por suspeita de contaminação por salmonela. Nas conversas, os investigados falam ainda de seus contatos no Ministério da Agricultura. As investigações miram agentes de fiscalização das Superintendências de Minas e Goiás, vinculadas à pasta, e executivos da BRF e da JBS, além de outras empresas ligadas à elas.
“Em diálogos interceptados na presente data, o investigado André Luis Baldissera, Diretor na empresa BRF, em conversa com outros funcionários de tal empresa, tratou sobre a retenção de cargas exportadas para a Europa devido à alegação de contaminação por salmonela”, registra o Relatório de Informação 03/2017, produzido pela Polícia Federal, em Curitiba.
“O fato (…) teria ocorrido com cargas originadas da fábrica da BRF em Mineiros/GO, mesma unidade de produção que em que em conversas anteriormente interceptadas, foram constatados outros episódios de contaminação por salmonela.”
Após diálogo registrado no dia 13 deste mês, o delegado da Polícia Federal Maurício Moscardi Grillo fez nova representação à Justiça Federal, solicitando medidas cautelares contra os investigados. No despacho, ele pede a conversão de prisões temporárias em preventivas.
Esquema
Executivos do frigorífico JBS e da empresa BRF Brasil foram presos. O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás “atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público”.