Petróleo ultrapassa US$ 46 e crava recorde histórico

O preço do petróleo acelerou o ritmo de alta e cravou nova cotação recorde na Bolsa Mercantil de Nova York. O barril para entrega em setembro atingiu US$ 46,58, com alta de 2,37%. Durante o dia, o barril foi negociado a US$ 46,60, maior valor já registrado nas negociações do contrato do barril do cru em Nova York. É a primeira vez que esse contrato supera US$ 46 desde o seu lançamento em 1983. No ano, o petróleo já subiu quase 50%.

A cotação disparou ontem após notícia sobre a explosão na refinaria da British Petroleum de Whiting, no Estado de Indiana (centro-norte dos EUA). O incidente interrompeu parte das operações da refinaria, que é a terceira maior do país, com produção de 420 mil barris por dia.

As novas evidências de forte aumento da demanda na China, temores de novos ataques às instalações produtoras no Iraque e a instabilidade política na Venezuela, às vésperas do referendo sobre a permanência ou não do presidente Hugo Chávez no cargo são outros fatores que impulsionam os preços do barril.

A China divulgou ontem que as importações de petróleo subiram 40% em julho, na comparação com o mesmo mês de 2003. O resultado mostra que as medidas tomadas pelo governo chinês para desaquecer a economia do país não conseguiu diminuir a demanda pelo produto.

Os investidores temem novos ataques às unidades de produção de petróleo iraquianas pelos rebeldes liderados pelo clérigo Moqtada al Sadr, com a intensificação do cerco das tropas americanas à cidade sagrada de Najaf – onde os rebeldes de Al Sadr se escondem.

O ministro da Energia da Venezuela, Rafael Ramirez, reafirmou ontem que o governo venezuelano irá garantir o fornecimento de petróleo ao mercado mundial, seja qual for o resultado do referendo que vai decidir o destino político do presidente do país, Hugo Chávez.

A gigante petrolífera russa Yukos continua a lutar contra a falência, mas por enquanto não interrompeu a produção de seu 1,7 milhão de barris por dia.

Brasil

O Brasil acompanha a trajetória do barril para decidir se reajusta ou não os preços dos combustíveis. Na terça-feira da semana passada, a Petrobras admitiu que só irá elevar os combustíveis se o petróleo se firmar entre os US$ 40 e US$ 45.

O último reajuste de combustíveis foi anunciado pela Petrobras no dia 14 de junho – três semanas depois de o presidente da estatal ter acenado pela primeira vez com a possibilidade de um aumento. Foi o primeiro aumento dos combustíveis no governo Lula. Nas refinarias, a gasolina subiu 10,8%, e o diesel, 10,6%.

Estatal tem lucro líquido de R$ 3,8 bilhões

(AG) – A Petrobras apresentou lucro líquido de R$ 3,835 bilhões no segundo trimestre de 2004, praticamente o mesmo resultado atingido no mesmo período do ano anterior, quando foram computados R$ 3,827 bilhões. O lucro foi afetado pelas despesas com a variação cambial sobre financiamentos.

A receita operacional líquida da empresa foi de R$ 27,233 bilhões, 16% maior do que a registrada no ano passado. Já a geração de caixa operacional foi de R$ 6,897 bilhões, 23% maior do que em 2003.

De acordo com a empresa, também afetou o lucro líquido o aumento de gastos com importação de petróleo e gás natural, além do custo de serviços de terceiros, como transporte marítimo e aéreo, serviços técnicos de restauração e manutenção de poços, sondas e barcos especiais. Durante o período, a importação de petróleo aumentou 83%, enquanto a exportação recuou 7%.

Alta não trará grandes dificuldades ao Brasil

(AE) – O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse ontem que o Brasil não deverá enfrentar grandes dificuldades com a elevação nas cotações dos preços do petróleo como outras economias do mundo. Para o secretário, desde o ano passado o País vem conseguindo reduzir a vulnerabilidade a choques externos e este comportamento será mantido. “Não temos problemas na balança de pagamentos do petróleo, de modo que estas oscilações deverão trazer algum desconforto, mas não trarão grandes dificuldades”, previu.

Levy proferiu ontem uma palestra a representantes do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças em Minas Gerais (Ibef-MG), onde demonstrou que o governo brasileiro já passou da fase de gerenciamento de crise econômica, para começar a atingir o crescimento da atividade em uma trajetória segura. Conforme o secretário, o upgrade no rating da dívida brasileira, que vem sendo cogitado pelo mercado, deverá acontecer no “tempo próprio”. Este momento, segundo explicou, é difícil de ser definido, uma vez que a avaliação dos países pelas agências de classificação de risco não contempla as análises em termos de estrutura socioeconômica, tributária e fiscal de países em desenvolvimento como o Brasil.

De qualquer forma, Levy assegurou que o governo brasileiro deverá finalizar a emissão soberana prevista para este ano, devendo lançar o restante de US$ 1,5 bilhão até o final de 2004. “Esta é a nossa meta, mas cada coisa tem seu tempo”, disse.

Ao ser questionado sobre informações divulgadas ontem na imprensa de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro teria crescido entre 4,5% e 5% no primeiro semestre, Levy afirmou apenas que ainda não há decisão em alterar as previsões oficiais de crescimento econômico para este ano, estimada em 3,5%. “Vamos avaliar e reavaliar os dados”, disse.

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