O preço do petróleo recuou, ontem, depois de ter atingido os US$ 70,80 por barril na pré-abertura dos negócios e fechou o dia negociado a US$ 66,65, alta de 0,79%. O furacão Katrina -um dos motivos para a elevação dos preços internacionais – se dirigiu para os estados do Mississippi e do Alabama (sul dos EUA), afastando-se das instalações petrolíferas do Golfo do México.
A disparada do preço se deu devido ao temor de que o furacão Katrina causasse maiores interrupções de produção nas refinarias e plataformas americanas no Golfo do México.
Analistas do setor petrolífero já dizem, no entanto, que com as interrupções feitas em refinarias da região, em caráter preventivo, já ficou comprometida a produção de pelo menos dois meses. Mais de 40% de toda a produção nas instalações no Golfo do México foi interrompida devido ao Katrina. Outras refinarias da região anunciaram que tiveram suas operações afetadas.
Segundo o mais recente boletim do Centro Nacional de Furacões dos EUA, o Katrina continua perdendo força e está na categoria 2 (causa danos de médio porte), com seus ventos internos girando em torno de 170 km/h.
As plataformas do Golfo do México produzem cerca de 1,5 milhão de barris de petróleo por dia, um quarto da produção do país e cerca de 2% da produção mundial. No ano passado, a passagem do furacão Ivan também interrompeu as atividades das plataformas e refinarias da região, o que afetou o fornecimento por meses.
Também preocupa a situação do fornecimento de gasolina, cujo estoque está baixo. O estoque de gasolina do país caiu em 3,2 milhões de barris, para 194,9 milhões de barris na última semana -menor nível desde novembro de 2003 – segundo relatório divulgado na quarta-feira (24) pelo Departamento de Energia dos EUA.
Estoques
O governo americano anunciou ontem que poderá recorrer à reserva estratégica de petróleo, caso as refinarias o solicitem, por causa do furacão Katrina. O Departamento de Energia (DoE) acompanha de perto a situação. ?Estamos em contato com as refinarias de petróleo. Temos pessoas no local?, disse o porta-voz do DoE Craig Stevens.
Com base na experiência de outros furacões devastadores, a opção de abrir a reserva estratégica de 700 milhões de barris ?está sobre a mesa e é certamente uma possibilidade, mas ainda não houve um pedido?, disse.
Opep vai propor aumento da produção em setembro
O presidente da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), xeque Ahmed Fahd al Ahmed al Sabah, disse ontem que irá propor aos ministros dos países-membros do cartel um aumento de 500 mil barris diários na cota oficial de produção, na reunião do grupo, no dia 19 de setembro. ?Vou tentar, como presidente, propor o tópico de um aumento de produção e do teto da cota de produção em nossa próxima reunião?, disse Al Sabah.
O presidente do cartel disse ser a favor do aumento de 500 mil barris na cota oficial de produção. As ações da Opep para tentar conter a trajetória de alta observada no petróleo há mais de um ano têm sido, em grande parte, simplesmente ignoradas pelo mercado petrolífero, uma vez que os países-membros já produzem acima do limite determinado pela organização.
O xeque se pronunciou sobre o aumento na cota oficial de produção após o petróleo alcançar a marca recorde de US$ 70,80 ontem, na Bolsa Mercantil de Nova York, devido aos temores dos efeitos do furacão Katrina sobre as refinarias e plataformas localizadas no Golfo do México – que respondem por boa parte do petróleo e da gasolina que abastece os EUA.
Al Sabah disse ainda que as altas nos preços do petróleo respondem agora a fatores alheios à produção e, portanto, fora do controle da organização.
Petrobras admite reajustes depois da instabilidade
São Paulo (AE) – O preço da gasolina e do diesel serão reajustados para acompanhar o preço internacional do petróleo, mas apenas quando a volatilidade diminuir. A informação tem sido repetida pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, como resposta às insistentes perguntas sobre o repasse da alta do petróleo para os derivados. ?Não vou antecipar nossa política de preços, no momento certo o reajuste será anunciado?, afirmou.
Em reunião realizada ontem na Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), onde apresentou o plano estratégico 2006-2010, Gabrielli insistiu em dizer que a decisão sobre os preços dos derivados cabe à Petrobras, e ficou irritado com a pergunta sobre a ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que não previu aumentos para a gasolina e diesel até o final do ano: ?A ata do Copom tem direito de ter a expectativa que quiser, mas a Petrobras é quem vai decidir.?
Segundo o executivo, a decisão da estatal está condicionada apenas a uma questão econômica: a volatilidade. ?Não podemos fazer reajustes com a volatilidade alta, porque o seu repasse ao consumidor pelos postos de gasolina é rápido, mas a redução de preços não?, explicou, lembrando que, em 2003, quando houve queda nos preços da gasolina na refinaria, o consumidor praticamente não foi beneficiado. O presidente da estatal, no entanto, não quis dizer qual seria o desvio em torno da média, que, para a Petrobras, significará uma volatilidade mais baixa.
O próprio presidente da Petrobras concordou que é difícil esperar pelo fim da volatilidade, já que existe um movimento de especulação no mercado futuro do petróleo, que tem impedido a fixação de um nível um pouco mais estável nos preços. Ele reconheceu também que a previsão da empresa para o barril nos próximos anos é bastante conservadora.
A Petrobras estima o preço do barril em US$ 45, em 2006; US$ 30, no ano seguinte; e US$ 25, de 2008 a 2010. Ao mesmo tempo, Gabrielli minimizou o fato de o barril ter batido em US$ 70 ontem à noite. ?Ele chegou a US$ 70, mas já caiu agora pela manhã, boa parte deste movimento é especulação?, afirmou.