Os contratos futuros do petróleo atingiram um novo recorde intraday de US$ 88,20 o barril. Os preços subiram 11% em seis sessões, impulsionados pela combinação de temores de que as forças da Turquia vão atacar os rebeldes curdos no norte do Iraque, e pelas projeções de que a oferta de petróleo no quarto trimestre ficará abaixo da demanda de inverno no hemisfério Norte.
Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o contrato do petróleo leve para novembro subiu 1,72%, para US$ 87,61 o barril, recorde para o primeiro contrato futuro. O barril do Brent para novembro subiu 1,70%, para o recorde de US$ 84,16 o barril na Bolsa Intercontinental de Londres (ICE), após subir para o novo recorde intraday de US$ 84,49. O contrato do Brent para novembro expirou nesta terça-feira (16).
Os riscos à oferta não mudaram muito nesta semana, mas o movimento para cima se fortaleceu substancialmente ontem, quando os preços furaram a faixa entre US$ 78 e US$ 84 em que oscilavam há cerca de um mês. "Quando o preço superou a faixa de negociação, vimos um monte de pessoas cobrindo posições vendidas (que apostam na queda dos preços), assim como compras novas assim que iniciamos mais uma etapa para cima", disse Eric Wittenauer, analista da A.G. Edwards em St. Louis.
O recente rali do petróleo começou em 9 de outubro e é o mais longo movimento para cima em mais de um mês. Começou com as previsões naquele dia do Departamento de Energia dos EUA de uma diferença de 1,82 milhão de barris/dia entre a oferta e a procura no quarto trimestre. Os temores de que a oferta não cobrirá a demanda foram reforçados pelos dados da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgados posteriormente na semana, mostrando queda não sazonal no número de dias de demanda cobertos pela oferta de estoques de petróleo nos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A possível incursão da Turquia representa um risco para a oferta de petróleo porque pode ameaçar o oleoduto que corre do Kirkuk, no Iraque, ao terminal de exportação turco de Ceyhan. Embora as exportações de Kirkuk para Ceyhan tenham sido esporádicas desde a invasão liderada pelos EUA ao Iraque em 2003, o petróleo tem sido enviado pelos últimos dois meses e nos últimos dias estava sendo embarcado ao ritmo de quase 500 mil barris por dia.
A incursão também pode ameaçar um planejado aumento no fluxo de petróleo por um oleoduto de Baku, no Azerbaijão, através da Geórgia e para o Ceyhan. O oleoduto atualmente movimenta entre 600 mil e 700 mil barris por dia, que devem subir a planejados 1 2 milhão de barris/dia no próximo ano. Mas os planos não se concretizarão se houver uma escalada da tensão entre a Turquia e os grupos curdos, segundo analistas.
O Parlamento Turco deve aprovar um pedido do governo para autorizar uma campanha no Iraque até a próxima semana, após o feriado que encerra o mês sagrado do Ramadã. A Turquia indicou nesta terça-feira (16) que uma ofensiva contra os rebeldes turcos não acontecerá necessariamente logo após a aprovação.
Outro fator que sustenta os preços é uma aparente disparada nas compras novas de petróleo. O número de contratos futuros em aberto na Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex), ou seja, os que ainda precisam ser liquidados, subiu 23.893 para 1.508.406 na segunda-feira, elevando o aumento nas últimas quatro sessões a 123.071 contratos, o equivalente a 123 milhões de barris de petróleo.
Os preços também são sustentados pelo vencimento das opções de novembro na Nymex amanhã. Segundo Nauman Barakat, um analista da Macquarie Futures USA, as opções de compra (call) em aberto entre US$ 88 e US$ 90 são mais do que quatro vezes superiores às opções de venda (put) entre US$ 85 e US$ 88.
O secretário-geral da Opep, Abdalla Salem El-Badri, disse que o grupo se preocupa com a recente escalada dos preços, mas acrescenta que a alta é em grande medida puxada por especuladores e por gargalos nas refinarias. O tom das declarações sugere que o cartel não tem pressa para aumentar sua produção adicional de 500 mil barris por dia prevista para começar em 1º de novembro.
A atenção dos corretores agora se volta para os estoques semanais de petróleo dos EUA que o Departamento de Energia (DOE) divulgará amanhã às 12h30 (de Brasília). A previsão é de aumento de 1 milhão de barris tanto para os estoques de petróleo quanto para os de gasolina, segundo a estimativa média de analistas ouvidos em pesquisa da Dow Jones. Para os derivados, que incluem óleo de calefação e diesel, espera-se queda de 400 mil barris. O uso das refinarias deve crescer 0,4 ponto porcentual da capacidade. As informações são da agência Dow Jones.