A movimentação do petróleo e a redução dos preços de derivados em reais no segundo trimestre foram alguns dos motivos que impediram a Petrobras de divulgar resultados melhores. Ainda assim, a estatal conseguiu reduzir o endividamento e gerar caixa, fatores que foram destaques positivos do balanço. O ponto de atenção dos agentes do mercado continua a ser o declínio dos investimentos, o que pode comprometer a produção futura da empresa. A Petrobras reportou lucro líquido de R$ 316 milhões no segundo trimestre deste ano, com queda de 14,6% ante lucro líquido de R$ 370 milhões no mesmo período de 2016 e declínio de 93% em relação ao ganho de R$ 4,449 bilhões nos três meses imediatamente anteriores, conforme os números atribuíveis aos acionistas.

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Profissionais ouvidos pelo Broadcast consideraram os números da petroleira no geral bons, embora não tão fortes quanto os observados no primeiro trimestre do ano. Eles chamaram atenção para o fato de o endividamento líquido em dólares ter encerrado o primeiro semestre em US$ 89,263 bilhões, com queda de 7% ante os US$ 96,381 bilhões registrados no fim de 2016, indicando transferência do valor da empresa dos credores para os acionistas.

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Quanto ao fluxo de caixa livre, ficou positivo em R$ 9,354 bilhões ao final do segundo trimestre. Trata-se do novo trimestre consecutivo no azul.

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Voltando ao preço do petróleo, o Brent médio passou de US$ 53,78 por barril no primeiro trimestre do ano para US$ 49,83 no intervalo de abril a junho.

O preço de derivados básicos comercializados pela Petrobras no mercado interno no segundo trimestre foi de R$ 219,58 o barril, ante R$ 228,95 o barril um ano antes e R$ 227,62 o barril no primeiro trimestre de 2017.

A petroleira enfrentou ainda recuo do volume de exportação e vendas no mercado externo. No período de abril a junho deste ano, o volume totalizou 896 mil barris diários, ante 1,024 milhão de barris diários no primeiro trimestre e 1,020 milhão de barris/dia no segundo trimestre de 2016.

Com isso, as vendas totais da Petrobras entre abril e junho ficaram em 3,291 milhões de barris por dia, 3% menos que os 3,393 milhões de barris diários negociados nos três meses imediatamente anteriores e 7,5% abaixo dos 3,556 milhões de barris comercializados no mesmo intervalo de 2016.

Nesse contexto, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da petroleira acabou cedendo 6,6% em relação ao mesmo intervalo de 2016 e 24% ante o primeiro trimestre deste ano, para R$ 19,094 bilhões. A cifra ficou 12% aquém da média das estimativas dos analistas consultados pelo Broadcast.

Mais um ponto que afetou o resultado foi o Ebitda ajustado do segmento de Gás e Energia, que somou R$ 883 milhões no segundo trimestre deste ano, com diminuição de 61% na relação com os primeiros três meses do ano e de 46% na comparação anual. A respeito dessa divisão de negócios, a Petrobras explicou que a venda da NTS gerou ganhos, mas, por outro lado, ocasionou maiores despesas de vendas decorrente do pagamento a terceiros pela utilização do gasoduto.

Investimentos

Os investimentos da Petrobras seguem em trajetória de declínio, o que tem causado preocupação entre agentes do mercado, porque pode comprometer a produção da estatal. Os aportes totalizaram R$ 11,451 bilhões no segundo trimestre deste ano, o que representa um recuo de 14,8% ante igual intervalo de 2016 e de 1% em relação aos desembolsos do primeiro trimestre. No semestre, os investimentos totalizaram R$ 22,993 bilhões, com declínio de 21% ante os R$ 29,028 bilhões aportados em igual período de 2016.

Poucos meses atrás, em maio, a Petrobras havia reduzido de US$ 20 bilhões para US$ 17 bilhões a projeção de investimentos para este ano. Ao detalhar o resultado financeiro do primeiro trimestre, a diretora de Exploração e Produção da petroleira, Solange Guedes, garantiu que o corte não afetaria a produção de petróleo e gás natural neste ano.