O aumento de estoques de petróleo e destilados nos EUA continuou a derrubar a cotação do barril, ontem, que já caiu mais de 12% desde terça-feira, véspera da divulgação dos níveis dos estoques nos EUA. O declínio do preço do petróleo acontece uma semana depois de a Petrobras anunciar o segundo reajuste dos combustíveis em pouco mais de 40 dias – nas refinarias, a gasolina subiu 4,2% na última sexta-feira e o óleo diesel, 8%.
Na negociação de ontem, o barril chegou a registrar o pico de baixa de US$ 43,15. Na comparação com o fechamento de terça-feira, véspera da divulgação do relatório do Departamento de Energia dos EUA sobre estoques, a queda é de 12,17%. Às 14h05 (em Brasília), o barril estava cotado a a US$ 43,45, em queda de 4,48% em relação ao fechamento de anteontem. São as maiores variações desde o período dos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York.
O preço vinha se mantendo perto dos US$ 50 devido ao temor de que viesse a ocorrer uma escassez de derivados de petróleo nos EUA, principalmente de combustível para aquecedores, crucial para enfrentar o inverno no hemisfério Norte.
Segundo o relatório, o total de petróleo estocado no país é de 293,3 milhões de barris, depois da divulgação de um aumento de 900 mil barris na semana passada.
Já os barris de destilados hoje estocados nos EUA são 117,9 milhões – aumento de 2,3 milhões de barris na semana passada em relação aos níveis da semana anterior. Apesar de ainda estarem cerca de 13% abaixo dos níveis de 2003 para esta época do ano, a retomada das atividades das refinarias no golfo do México espalhou otimismo entre os investidores.
As refinarias da região tiveram suas operações interrompidas em setembro devido à passagem do furacão Ivan no sul dos EUA, o que causou queda na produção de destilados e iniciou o ciclo do temor de escassez.
Em outubro, esse temor chegou a fazer o preço disparar, chegando à marca recorde de US$ 55,67 – maior valor desde que o petróleo passou a ser negociado em Nova York.
Opep
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) deve manter a atual cota de produção (27 milhões de barris por dia) para os países membros, segundo a agência de notícias France Presse.
O presidente do cartel, Purnomo Yusgiantoro, disse que "ao longo do primeiro trimestre (de 2005) os preços vão continuar altos, porque nossa produção excedente foi reduzida entre 1 milhão e 1,5 milhão de barris por dia".
"Há pouca possibilidade de que se reduza a produção. Tudo o que podemos fazer é manter a atual cota", disse ontem o secretário-geral em exercício do cartel, Maizar Rahman.
Uma redução na produção seria "psicologicamente negativa" para o mercado petrolífero, disse Rahman. "A Opep não quer dar más notícias ao mercado." Para o segundo trimestre do próximo ano a demanda deve diminuir, disse Rahman. Ele disse ainda que de US$ 10 a US$ 15 dos atuais preços são devidos a fatores não essenciais, como especulação.
O cartel se reunirá no dia 10 deste mês na cidade do Cairo (capital do Egito).