Uma das companhias mais ativas em leilões de áreas petrolíferas nos Estados Unidos, a Petrobras prepara agora a venda de operações na porção norte-americana do Golfo do México. A ideia é se desfazer das concessões em águas rasas, para concentrar esforços e capital em águas profundas e ultraprofundas. Além da crise financeira, a mudança é motivada pela avaliação da direção da companhia de que a expansão dos negócios americanos foi superdimensionada.
A decisão de venda foi tomada durante os debates do planejamento estratégico da companhia, no ano passado. A necessidade de desenvolver o pré-sal, camada localizada abaixo do leito marinho, num momento de petróleo barato no mercado internacional e de escassez de recursos levou a empresa a optar por um foco mais fechado nos negócios brasileiros. “A estratégia da companhia vem mudando nesses últimos anos”, disse o presidente da Petrobras América, Orlando Azevedo.
A estatal petrolífera tem hoje 250 concessões exploratórias no Golfo do México, das quais quase 200 em águas profundas, sua principal especialidade. “Se tenho de gastar dinheiro para perfurar um poço, prefiro gastar onde tenho expertise”, disse Azevedo. Segundo ele, ainda não há definição sobre quantos blocos serão vendidos nem qual o prazo para o fim do processo. As negociações vão acompanhar o interesse do mercado.
A legislação norte-americana permite que o concessionário fique até dez anos com um bloco, mesmo que não invista na área. No Brasil, ao contrário, o investimento em exploração é definido nas ofertas das empresas nos leilões da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Segundo o presidente da Petrobras Américas, a empresa planeja manter em carteira blocos em águas rasas onde já houve descoberta.