Petrobras vai segurar reajuste da gasolina

Rio (AE) – A Petrobras decidiu segurar o aumento no preço da gasolina, apesar de especialistas assegurarem que já foram alcançadas as condições necessárias para um reajuste de cerca de 3% no produto. Em conferência ontem para analistas estrangeiros, o presidente da companhia, Francisco Gros, alegou que não é possível tomar uma decisão sobre o assunto “antes de se ter uma idéia clara sobre o que estará acontecendo com a moeda”.

Gros disse que ainda segue a fórmula quinzenal de reajustes, mas argumentou que mexer no preço agora, sem definição sobre o câmbio, significa ficar preso durante os próximos 15 dias. “Eu detesto estabelecer um preço e depois ficar preso a ele”, disse o executivo, respondendo à pergunta de um analista do banco Goldman Sachs.

Segundo cálculos da consultoria Tendências, o preço da gasolina, em reais, subiu 7,5% desde o último ajuste, no dia 15 de maio. A alta foi impulsionada pela cotação do dólar, que subiu 11% no período. O preço do produto no mercado americano caiu 3%, revela acompanhamento feito pela consultora Fabiana Fantoni. Incluindo a carga tributária, a estatal já poderia aumentar em 3,5% o preço cobrado pelas refinarias, segundo a consultora, que acredita que a estatal promoverá algum reajuste nas próximas semanas.

Política

Segundo a fórmula de transição da Petrobras, a empresa fica livre para mexer nos preços 30 dias após o último reajuste, seja qual for a variação internacional. O mais recente resultou em queda de 1,08%, no dia 15 de maio. “Se a Petrobras não mexer nos preços esta semana ou no início da próxima, pode ter um dedo político na decisão”, avalia o professor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Estudos em Infra-estrutura (CBIE).

Para ele, a empresa teve razão em esperar até agora. “O governo tinha de saber até que ponto esta alta do câmbio era especulação. Agora, já se sabe que em menos de R$ 2,70 não vai ficar”, explica. O presidente da estatal, porém, reafirmou mais de uma vez a dúvida sobre o desempenho da moeda norte-americana. ” O câmbio está tão volátil que eu ainda não fui capaz de ter nenhum tipo de certeza de para onde está indo”, disse. “Tudo o que posso dizer é que estamos monitorando esta questão diariamente”, concluiu.

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