Com um pouco de atraso em relação a outras petroleiras, a Petrobrás anunciou na terça-feira, 10, que vai aumentar seus investimentos em energia limpa, com foco na geração de energia solar e eólica. Para tocar novos projetos, a empresa escolheu a francesa Total, que ano passado adquiriu a Eren Renewable Energy e este ano a Direct Energy, ambas dedicadas à energia limpa.

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A ideia é utilizar áreas terrestres da Petrobrás no Nordeste e a tecnologia da Total. Segundo o diretor de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão, Nelson Silva, a estatal ainda não tem orçamento específico para o novo negócio, que dependerá dos projetos que forem desenvolvidos pela joint venture a ser criada pelas duas companhias. Os estados no Rio Grande do Norte e Ceará são candidatos a receber empreendimentos eólicos, devido à força do vento dessas regiões.

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“Uma das particularidades da eólica é ter área física para instalar equipamentos. A tecnologia a Total já tem, está passos à frente da Petrobrás, e nós temos áreas no Brasil, vamos casar essas áreas com a tecnologia”, disse em teleconferência.

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A parceria, ainda limitada a um memorando de entendimento para avaliar novos negócios, abre as portas da estatal brasileira para um caminho que está sendo traçado há alguns anos pela indústria do petróleo, que vê aos poucos a era do combustível fóssil (petróleo, gás natural) dar lugar a uma economia de baixo carbono (energia renovável).

No ano passado, o Banco Mundial anunciou que deixará de financiar projetos de petróleo e gás para focar em energia renovável, o que também ajudou a despertar o interesse das grandes petroleiras como ExxonMobil, BP, Eni, Repsol, Shell, Statoil, Wintershall e Total. O objetivo é ajudar a cumprir o Acordo de Paris, que traçou metas para reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera.

Para a pesquisadora da FGV Energia Fernanda Delgado, foi uma decisão acertada da Petrobrás e vai garantir um mercado diversificado para a companhia. “A energia renovável não concorre com o petróleo e pode ser vendida em lugares nos quais o petróleo não chega. Pensando em futuro de País, é bem positivo, é sempre bom investir em energia limpa”, avaliou.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês), os investimentos em energia limpa saíram de US$ 47 bilhões em 2004 para o pico de US$ 312 bilhões em 2015 e US$ 241,6 bilhões em 2016. No mesmo ano, a indústria do petróleo registrou queda de 12% nos investimentos em relação ao ano anterior, para US$ 708 bilhões.

Para acompanhar essa onda, o próximo Plano de Negócios da Petrobrás (2019-2023) terá mais ênfase nos investimentos de energia limpa do que o atual (2018-2022), e muito mais do que no auge da crise da petroleira, nos dois anos anteriores, que segurou os investimentos na área, inclusive com o abandono da produção e biocombustíveis.

Portfólio

No segmento de energia renovável, a estatal possui hoje apenas quatro parques eólicos, que somam 104 megawatts de capacidade instalada, frente aos 13 mil megawatts de capacidade eólica instalada em todo País. A energia solar ainda está na fase de pesquisa e desenvolvimento dentro da Petrobrás, com uma planta de 1,1 megawatt no Rio Grande do Norte, contra 1,1 mil megawatts instalados no Brasil.

O forte da empresa na área de geração de energia elétrica sempre foram as termelétricas a óleo ou gás natural, onde atua desde os anos 2000, por conta do racionamento de energia ocorrido no início da década. A capacidade total de geração elétrica das usinas termelétricas da Petrobrás é superior a seis mil megawatts. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.