A Petrobras pediu ao governo para rever os índices de conteúdo local de mais duas plataformas projetadas para o pré-sal. Se conseguir, poderá construir, provavelmente na Ásia, os cascos das embarcações dos projetos Itapu e Búzios 5. Ao recorrer à discussão direta com o Planalto, a empresa evita que o debate seja estendido ao público, em audiências.

continua após a publicidade

O pedido faz parte das negociações sobre a revisão do acordo de cessão onerosa que a empresa mantém com os ministérios de Minas e Energia e Fazenda. Por esse acordo, fechado em 2010, a Petrobrás recebeu o direito de explorar, sem licitação, 5 bilhões de barris de petróleo no pré-sal da Bacia de Santos. Em troca, o governo recebe parte do óleo produzido.

continua após a publicidade

“O contrato de cessão onerosa contém previsão de revisão de determinados itens, entre estes os índices de conteúdo local. Deste modo, este tema está entre aqueles a serem negociados pelas respectivas comissões de negociação, já constituídas pela Petrobrás e pelo governo”, informou a estatal.

continua após a publicidade

A empresa já pediu a revisão dos compromissos de aquisição local de duas embarcações – para as áreas de Libra e Sépia, no pré-sal. Para rever o acordo de Libra, recorreu à Agência Nacional do Petróleo (ANP). O aval demorou mais de um ano para sair, mas permitiu que a empresa fizesse licitação internacional, vencida pela Modec.

Para Sépia, a Petrobras buscou outro caminho, que não passa pela ANP e, por isso, não depende da realização de consulta e audiência públicas. A empresa foi direto ao Planalto e incluiu a revisão do conteúdo local como parte das negociações do contrato da cessão onerosa.

Agora, a estatal faz o mesmo com Itapu e Búzios 5, que devem ter os contratos de licitação de afretamento fechados neste e no próximo ano. A estatal receberá as propostas dos fornecedores para a concorrência da plataforma de Búzios 5 em 26 de fevereiro e a expectativa é de que a licitação de Itapu aconteça em 2019, segundo a agência de informação no setor de petróleo E&P Brasil.

A cessão onerosa foi idealizada em um momento de euforia com o pré-sal e com a sua capacidade de impulsionar a indústria nacional. Por isso, prevê índices de aquisição interna que são de 100% para alguns itens. Para a construção dos cascos das plataformas, a exigência de aquisição local é de 70%, o que, na prática, limita a contratação aos estaleiros nacionais.

A Petrobras alega, porém, que o preço no Brasil é 40% mais alto do que no exterior e se nega a seguir o que foi firmado em 2010. Os empresários brasileiros, por seu turno, acusam a estatal de negar a eles o direito de participar das concorrências. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.