Brasília – O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, disse que a empresa decidiu vender 100% das refinarias na Bolívia, após a publicação de decreto pelo governo boliviano, assinado anteontem, no qual a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) assumiu o monopólio sobre a exportação e a comercialização de petróleo bruto reconstituído e gasolina branca. Segundo Gabrielli, a opção anterior era permanecer na Bolívia como minoritário, mas a publicação do decreto ?tornou inviável a permanência da Petrobras na Bolívia?. Ele disse que uma proposta já foi apresentada ao governo boliviano, mas não deu detalhes de valor.
Gabrielli explicou que a Petrobras fará os investimentos que estão previstos no contrato de exploração e produção assinado com a Bolívia, que garante o fornecimento de gás para a Petrobras de até 24 milhões de metros cúbicos diários até 2019, podendo atingir 30 milhões de metros cúbicos. No entanto, disse que investimentos adicionais serão analisados mais cuidadosamente e a Petrobras exigirá uma taxa de retorno mais alta.
O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, resumiu a estratégia da Petrobras em duas opções: a primeira é a venda de 100% dos ativos das refinarias que, segundo ele, podem ser assumidos por alguma outra empresa, como a PDVSA (estatal venezuelana), que queira operar com uma margem tão estreita; e a segunda é não ter acordo no preço mínimo e a Petrobras recorrer à corte de arbitragem.
Gabrielli evitou falar ?em risco Bolívia?, mas admitiu que ?existe um risco regulatório na Bolívia? que dificulta a realização de negócios no país. Ele afirmou também que não existe nenhuma ameaça por parte da Bolívia de interromper o fornecimento de gás para o Brasil.
Desapontamento
O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse que ?causou consternação e desapontamento? o decreto supremo assinado anteontem pelo governo da Bolívia, dando à estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) o monopólio sobre a exportação e a comercialização de petróleo bruto reconstituído (um tipo de petróleo mais pesado produzido com gás, que não pode ser processado nas refinarias da Bolívia) e gasolina branca, uma gasolina destilada a altas temperaturas.