A Petrobras está preparando uma segunda fase do plano de desenvolvimento da área de exploração de petróleo da camada pré-sal da Bacia de Santos, informou hoje o gerente-executivo da área de Exploração para o pré-sal da estatal, José Formigli. O novo planejamento vai abranger o período posterior a 2017, já que o anterior é contemplado atualmente pelo Plano de Negócios da companhia. Segundo ele, aquela região já deverá estar produzindo em 2017 mais de um milhão de barris de óleo por dia. “Por enquanto não temos encontrado barreiras para a produção, mas desafios”, disse hoje, no encerramento do primeiro dia do evento Rio Pipeline 2009.

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Frisando que não comentaria o novo marco regulatório de petróleo e que iria se ater aos aspectos técnicos referentes à infraestrutura de dutos que a área do pré-sal vai exigir nos próximos anos, Formigli afirmou que o “plan-sal”, como é conhecido o planejamento para esta área, está dividido em cinco segmentos: exploração, produção infraestrutura, transporte de óleo e transporte de gás. “Quanto mais dados nós temos vindos daquela área, melhor o detalhamento do todo. E podendo avaliar o todo, podemos ter um aproveitamento melhor das condições daquela área”, explicou.

Ele destacou as dificuldades que existem para desenvolver o escoamento do óleo nessa áreas, lembrando que a extensão de toda a Bacia de Campos caberia dentro das áreas do polo de Tupi. “Na primeira fase, vamos usar o escoamento tradicional do óleo por meio de navios aliviadores. Já para a segunda fase vamos buscar alternativas que ainda estão sendo estudadas”. A expectativa, disse Formigli, é de que esta segunda fase do “plan-sal” seja totalmente decidida no final deste ano, para que possa apenas ser aprimorada nos próximos anos com os detalhes obtidos a partir dos projetos pilotos que serão instalados naquela área.

Gás natural

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O gerente da exploração para a área do pré-sal da Petrobrás disse que o transporte do gás natural do polo de Tupi será mais complexo que o de óleo, porque “exige o casamento da produção com a demanda”. Segundo ele, existe estudo sendo feito pela área de gás e energia da Petrobras, que prevê propostas para liquefação de gás natural em alto-mar, para que o GNL (gás natural liquefeito) pudesse ser exportado para outros países ou trazidos liquefeitos para terra. Esta alternativa, porém, só deverá ser implementada numa segunda fase do desenvolvimento daquelas áreas.

“Nesta primeira fase o escoamento vai aproveitar estrutura dos campos de Mexilhão Lagosta, Merluza”, disse Formigli em apresentação no evento. Ainda segundo o gerente, apesar de a liquefação do gás estar sendo avaliada como uma possibilidade bastante viável para ser implementada, não estão descartadas expansões dos gasodutos existentes hoje na Bacia de Santos, seja para o Norte ou para o Sul. “A ideia de fazer de uma unidade de GNL um grande hub para exportações de gás vem sendo avaliada, mas nada impede de também expandirmos nossa malha de dutos. É preciso lembrar, porém, tudo o que envolve o lançamento de dutos”, disse.

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Entre as principais dificuldades para implantar os dutos, disse Formigli, estão a negociação com os sócios das áreas concedidas para que seja encontrada uma “destinação do gás desejada por todos”, como também questões econômicas e ambientais. “As dificuldades ambientais e sociais que estamos tendo para implementar os dutos de Mexilhão, por exemplo, percebemos que não é assim tão simples de botar um duto em alto mar”, disse.

Produção nacional

Formigli disse que o conteúdo nacional das encomendas que começaram a ser feitas pela estatal para desenvolver as áreas do pré-sal já está superando os 70%. “Mas para crescer, precisamos que as indústrias locais invistam em equipamentos específicos e atendam largas escalas de encomendas”, comentou, destacando a importância da escala nesta indústria: “Logo nas primeiras rodadas quando identificamos o eventual potencial destas áreas da Bacia de Santos, a Petrobras agiu agressivamente para adquirir as concessões, porque sabia que a escala seria fundamental para desenvolver estas áreas”, disse.

Ele destacou que a estatal tem “induzido e incentivado” trocas tecnológicas entre centros implementados em universidades com empresas do setor. “Temos promovido uma série destas trocas. E isso não quer dizer que tem que ser apenas para atender a Petrobras. Nós queremos que sejam desenvolvidas tecnologias voltadas para atender nossas demandas, mas que também possam ser utilizadas por outras empresas”, disse.