A Petrobras estuda mudanças nos preços do gás natural, que hoje são motivo de divergências com os grandes consumidores do combustível. Segundo a empresa estatal, as negociações com as distribuidoras no ano que vem sinalizarão uma tendência de queda nos preços, além de acabar com as distorções geradas pelos diferentes valores entre o gás nacional e o produto importado da Bolívia.
A disputa em torno dos preços do gás é tema de uma representação feita pelos grandes consumidores no Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo, que cobra mais transparência no cálculo. Entidades de classe reclamam que os altos preços no Brasil vêm prejudicando a competitividade da indústria nacional e ameaçam ir aos órgãos de defesa da concorrência.
“O gás no Brasil custa hoje mais do que o dobro no mercado internacional. Estamos perdendo competitividade com relação a importações”, reclama Lucien Belmonte, superintendente da Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro), uma das autoras incluídas na representação do MPF. O combustível representa entre 20% e 25% dos preços finais dos produtos do setor.
O gás natural é vendido pela Petrobras a uma média de US$ 8,73 por milhão de BTU (medida de poder calorífico). O valor, porém, varia de acordo com a procedência do produto: o gás produzido no País sai a US$ 10,50 por milhão de BTU, enquanto o gás boliviano custa US$ 7,50 por milhão de BTU. O produto importado é vendido em São Paulo e no Sul do País, enquanto os demais Estados pagam pelo preço do gás nacional.
A Abividro e a Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace) dizem que o gás no exterior varia entre US$ 5 e US$ 6 por milhão de BTU. No mercado de curto prazo americano, a cifra chega à casa de US$ 4 por milhão de BTU. Os valores apresentaram queda significativa nos últimos anos, diante da crise econômica mundial e da perspectiva de descoberta de novas grandes fontes nos Estados Unidos.
Em nota enviada à reportagem, a Petrobras disse que os contratos de suprimento com as distribuidoras serão renegociados em um cenário de excedente da oferta, seja pela produção do pré-sal, seja pelas novas fontes de gás americano. Por isso, a tendência é de valores menores. Além disso, informou a empresa, a interligação das malhas brasileiras de gasoduto vai provocar o fim da diferença de preços entre as diversas origens do gás vendido no País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.