O diretor Financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse hoje que a companhia vai perfurar uma área não concedida ao lado da descoberta de Iara, no BM-S-11, do pré-sal da Bacia de Santos, na primeira quinzena de dezembro. A perfuração, autorizada ontem pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), faz parte da busca pelos cinco bilhões de barris que serão repassados pelo governo no processo de cessão onerosa que compõe a capitalização da estatal, prevista no novo marco regulatório que está em trâmite no Congresso e deve ocorrer até o fim do primeiro semestre de 2010.
Ontem, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, havia afirmado em entrevista exclusiva à Agência Estado que o processo está bastante adiantado e que as perfurações já estariam começando. Em comunicado ao mercado, a Petrobras endossou as informações divulgadas na noite de ontem pela ANP, sobre ter sido autorizada para a perfuração em área contígua a Iara.
Segundo Barbassa, apesar de ser um poço estratigráfico (que visa o conhecimento de camadas geológicas e não busca especificamente um reservatório de óleo ou gás), ele poderá ser estendido, caso venham a ser detectados indícios de hidrocarbonetos no local. O diretor explicou que, ao contrário do que vinha sendo divulgado anteriormente, a Petrobras vai assumir os custos e os riscos desta perfuração por tratar-se de um processo que pode visar à unitização.
Desde sua descoberta, a área de Iara já é identificada como tendo um reservatório que extrapola os limites de concessão e invade áreas ainda sob comando do governo federal, o que exigiria uma unitização, ou seja, um acordo para exploração conjunta. Como o governo pretende ceder onerosamente sua parcela no reservatório para a Petrobras, é ela quem vai gerir a totalidade da reserva.
Na área de Iara, em que a Petrobras opera com 65% de participação, em parceria com a BG (25%) e a Galp (10%), já foram identificados entre 2 bilhões e 4 bilhões de barris. A área fica à nordeste de Tupi, onde são estimados entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris.
Indagado sobre a perspectiva de encontrar nesta área a totalidade dos 5 bilhões de barris que deverão ser repassados pelo governo, Barbassa brincou: “O objetivo é encontrar 100 bilhões. Isso seria ótimo”. Há rumores entre especialistas e geólogos de que a área contígua a Iara possa conter volume equivalente ou maior que o identificado dentro da área de concessão.
Barbassa informou ainda que não foi definida a localização da segunda sonda que será destinada às perfurações em busca da cessão onerosa que será realizada. Sobre esta primeira perfuração, ele disse que os custos devem girar em torno da média gasta em poços do pré-sal, hoje na casa dos US$ 60 milhões. No comunicado ao mercado, a estatal informou ainda que pretende direcionar a sonda SS-53 para os trabalhos.