Situação complicada

Petrobras perde US$ 145 milhões após saída de Roncador

Mesmo pressionada para ampliar a produção, a Petrobras paralisou a operação de uma plataforma sem adotar as medidas compensatórias exigidas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP). Alegando riscos operacionais, a companhia desconectou em março a plataforma FPSO Brasil do campo de Roncador, na Bacia de Santos – o mais produtivo do País. A medida contrariou resolução que previa a “substituição imediata” da unidade. Nos dois meses seguintes à parada, a produção diária em Roncador caiu 23 mil barris em relação à média do mesmo período de 2013, com perdas em receitas que podem chegar a US$ 145 milhões.

A resolução da ANP, aprovada pela diretoria no dia 19 de março, se baseou em relatório técnico feito em novembro. A análise previa a realização de vistoria na FPSO Brasil e a execução dos “reparos necessários” ou a troca “por uma unidade de produção equivalente”. Para a agência, estava “clara a necessidade de mais do que as quatro plataformas previstas para o campo de Roncador”.

A inspeção foi realizada em janeiro e durou 16 dias, com a unidade paralisada. O procedimento indicou que, para reverter os problemas e garantir “continuidade operacional no longo prazo”, seria necessário executar “obras de grande porte incompatível com uma unidade em operação offshore”. A Petrobras, então, concluiu que a obra era “inviável técnica e economicamente” e que seria preciso “dar início imediato ao projeto original de remanejamento dos poços”.

No dia 31 de março, a plataforma foi completamente desmobilizada. Para evitar sanções, a Petrobras entrou com recurso contra a resolução original, alegando riscos à segurança. Em junho, em nova reunião da diretoria, a agência acatou o recurso sem definir punições à estatal.

Pela nova resolução, a Petrobras deverá apresentar uma alternativa para a retomada da produção somente em dezembro, com a revisão do plano de desenvolvimento de Roncador. O documento determina que a empresa assegure “um incremento adicional de produção de um volume equivalente à produção de uma plataforma da capacidade do FPSO Brasil em 10 anos”. A ANP estima, no período, um volume entre 243 e 290 bilhões de barris.

Produção

A Petrobras nega que a parada da plataforma tenha afetado sua produção. Em nota, a companhia informou que a operação da plataforma no campo tinha “caráter provisório” e sua desmobilização “já constava na previsão de produção” e no contrato de afretamento.

Na última segunda-feira, a ANP divulgou balanço de produção do País em maio. Os números indicam que o desempenho da Petrobras em Roncador caiu 5% na média de abril e maio, em comparação com o mesmo período de 2013, quando a unidade FPSO Brasil ainda estava em produção.

A baixa representa um volume de 23 mil barris por dia na produção. Considerando o valor médio de US$ 105 para o barril de petróleo no período, as perdas de receitas da empresa chegariam a cerca de US$ 145 milhões nos dois meses após a parada da unidade.

O balanço de produção de junho ainda não foi contabilizado. Segundo a agência reguladora, a produção em Roncador foi de 271 mil barris por dia em dezembro, antes das paradas para manutenção e inspeção. Naquele mês, a FPSO Brasil bateu recorde de produção, com 37 mil barris de óleo extraídos de quatro poços produtores.

Desde então, a partir das paradas de manutenção e inspeção da plataforma, a produção da estatal é decrescente em Roncador, chegando a 234 mil barris de óleo produzidos por dia, em abril. O volume representa uma diferença de 37 mil barris por dia. A média normal de produção diária da plataforma desligada era de 30 mil barris.

A part,ir de maio, entretanto, a produção no campo voltou a subir, retornando ao patamar de 249 mil barris extraídos diariamente. A melhora aconteceu após a entrada de uma nova plataforma, a P-62. A unidade já estava prevista no plano de negócios da companhia como adição à produção. A plataforma ainda está operando abaixo da capacidade máxima, com mais 14 poços a serem conectados até o final do ano.

Outra plataforma, a P-52, atingiu em maio recorde operacional, compensando parte das perdas. A unidade adicionou quatro mil barris à produção do campo de Roncador somente naquele mês. A embarcação é uma das unidades que receberá os poços produtores originalmente ligados à FPSO Brasil, juntamente com a plataforma P-54. Juntas, elas já operam em 27 poços perfurados no campo e vão receber pelo menos outros quatro.

Segundo a Petrobras, “as ações que viabilizam o retorno dos poços estão em andamento e a produção será retomada até dezembro”.

Com a desmobilização, o navio plataforma FPSO Brasil foi devolvido à proprietária, a empresa holandesa SBM Offshore. A afretadora é citada em denúncias de corrupção e pagamento de propina a funcionários da estatal. Auditoria interna da Petrobras, entretanto, não identificou irregularidades. Ainda assim, a estatal suspendeu temporariamente a participação da empresa em novas concorrências.

Paraná Online no Google Plus

Paraná Online no Facebook

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna