A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), instalada em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, vai receber da Petrobras o maior investimento em refino no período que vai de 2004 até 2009. Serão aproximadamente US$ 1 bilhão – quase R$ 3 bilhões – destinados à implantação de novas unidades de produção, geração de mais produtos e adequações que irão aumentar a qualidade dos mesmos. De acordo com o gerente de empreendimentos da Repar, Sérgio Nicco Czelusniak, as inovações irão melhorar os produtos em relação ao meio ambiente e tornar a refinaria mais competitiva.
“Em termos de planta, a refinaria irá praticamente dobrar de tamanho”, revelou Czelusniak. “Será uma refinaria nova, com um perfil atualizado para a época em que as obras estiverem concluídas.” Segundo ele, neste momento específico (2004 a 2009) trata-se do maior investimento da Petrobras em refino. “O que nos preocupa nessa fase é que haja mercado para estes produtos. Hoje gerenciamos nossos projetos olhando as práticas internacionais, não só de gestão mas de requisitos, aprovação”, apontou.
De olho justamente no mercado, a Repar irá direcionar a maior parte dos investimentos – US$ 550 milhões – na unidade de coque: uma planta nova que irá processar óleos combustíveis pesados em coque (combustível sólido). As obras da nova planta devem começar no segundo semestre de 2006 e a previsão é concluí-las em 2009. Será a quarta unidade de coque no País e irá produzir 5 mil metros cúbicos do combustível. “É um produto largamente utilizado por certos segmentos, entre eles a siderúrgica. No nosso caso específico, o coque será melhor do que os que são importados no momento, o que traz vantagem competitiva na exportação”, afirmou.
Segundo o gerente da Repar, o uso do óleo combustível pesado – que responde hoje por quase 14% da produção da refinaria e é utilizado especialmente em caldeiras pelas indústrias de papel, alimentícia, cerâmica, entre outras – vem sendo substituído pelo gás natural. “É uma adequação pela qual a refinaria irá passar para atender a demanda do mercado, não só brasileiro, mas mundial”, afirmou, referindo-se à produção de coque. Segundo ele, o mesmo deve ocorrer com o GLP (gás de cozinha), cuja tendência é ser substituído pelo GNV (gás natural).
Gasolina
Outro grande investimento da refinaria será na carteira de gasolina, que deverá receber US$ 250 milhões para deixar o combustível menos poluente. As novas unidades irão reduzir a presença de enxofre na gasolina, que hoje é de 0,1%, para 0,008%, atendendo assim as novas especificações que terão vigência a partir de 2008. O complexo de quatro unidades, mais a parte de geração de vapor, ar comprimido e tratamento de água estão previstos para 2008. Cerca de 5 mil metros cúbicos de gasolina serão produzidos por dia.
O restante dos investimentos (US$ 250 milhões) será dividido entre plantas menores, informou o gerente da Repar. Uma nova unidade irá produzir, por exemplo, solvente mais nobre, para atender a indústria alimentícia. Está prevista também outra planta que irá produzir propeno – matéria-prima para a indústria petroquímica, atualmente importada. “Ao contrário da unidade de gasolina, esta é uma planta que gera riqueza, assim como a de coque”, explicou Czelusniak. Será a primeira vez que o Paraná irá produzir propeno. O início da operação está previsto para 2008.
Outra planta importante, salientou o gerente da Repar, é a ampliação da quantidade de processamento da refinaria na ordem de 10%, o que deve resultar em 35 mil metros cúbicos de produtos por dia. Atualmente, a refinaria produz diesel (47%), gasolina (20%), óleos combustíveis (14%), GLP (9%), nafta (6%), asfalto (3%) e querosene (1%). Com as novas unidades, esse perfil deve mudar. É o caso do óleo combustível, que deve ter a produção reduzida.
Para 2011, a previsão é de mais uma unidade: a que irá converter parte do gasólio em diesel e querosene para aviação. “Estaremos agregando valores aos produtos”, ressaltou o gerente da Repar. Segundo ele, tanto o coque como o solvente e o propeno têm bom espaço no exterior. “Há mercado para exportar, não há dúvidas”, afirmou.
Mão-de-obra
Os investimentos injetados na Repar terão reflexo também na geração de empregos. De acordo com Sérgio Nicco Czelusniak, no pico das obras – parte de 2007 e de 2008 – cerca de 4 mil empregos deverão ser criados. Segundo ele, a mão-de-obra local terá a preferência, mas capacidade técnica e conhecimentos também pesarão na escolha dos trabalhadores.
Refinaria é a 5.ª maior do País
A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) é a quinta maior refinaria do País, com produção aproximada de 32 milhões de litros de derivados de petróleo por dia – cerca de 200 mil barris -, o que representa 12% da produção nacional. Instalada em Araucária, Região Metropolitana de Curitiba, em 1977, é a principal empresa do setor químico paranaense e maior indústria do Sul do País, com 580 empregados próprios e 400 contratados.
Aproximadamente, 85% de sua produção destina-se ao abastecimento do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. O restante é destinado a outras regiões do País ou é exportado. A maioria do petróleo processado pela Repar vem da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. O produto chega de navio até o Terminal de São Francisco do Sul, em Santa Catarina.
Tributos
A participação da Repar na arrecadação de ICMS do Paraná é de aproximadamente 23%, ocupando o primeiro lugar entre os contribuintes do Estado. Em 2003 foram repassados R$ 1,59 bilhão em ICMS ao Paraná.