Brasília e La Paz – Nem US$ 110 milhões nem US$ 120 milhões. A Petrobras anunciou ontem à noite que aceitou vender duas refinarias de petróleo para a Bolívia por US$ 112 milhões. As negociações ocorreram durante todo o dia, e o único entrave ainda estava exatamente no valor dos dois empreendimentos, que haviam sido comprados pela estatal brasileira da Bolívia por US$ 110 milhões.
Os detalhes da negociação foram dados pelo ministro de Minas e Energia, ontem à noite. Segundo ele, a YPFB aceitou pagar o valor pedido pela Petrobras. A venda integral das unidades vinha sendo negociada desde quarta-feira, em La Paz, pelo presidente da Petrobras da Bolívia, José Fernando de Freitas, o ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, e o presidente da estatal boliviana YPFB, Guillermo Aruquepa.
Ontem, o presidente da Bolívia, Evo Morales, havia dito que confiava num acordo com a Petrobras. ?Se resolvemos problemas muito sérios, profundos, temas de fundo com o companheiro Lula (presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva), como não poderíamos resolver o tema das refinarias??, afirmou Morales.
?À margem dos valores, o importante é a decisão política, e a decisão política do povo boliviano é recuperar (as refinarias) e a do presidente Lula é de devolvê-las a um preço justo?, afirmou Morales ontem à tarde.
A estatal brasileira decidiu vender 100% das refinarias depois da assinatura de um decreto pelo presidente boliviano, no último domingo, que afetou o fluxo de caixa da Petrobras na atividade de refino na Bolívia. Até então, apesar da nacionalização anunciada por Morales, a empresa ainda cogitava permanecer no país como parceira do governo vizinho.
O decreto concedeu à YPFB o monopólio da exportação do petróleo reconstituído e das gasolinas ?brancas? produzidos pelas refinarias do país.
Após muito impasse acerca de qual seria o ?preço justo? a ser pago pela Bolívia, a estatal brasileira apresentou, na última segunda-feira, uma proposta final para fechar o negócio.
Na quarta-feira, representantes da Petrobras, do governo boliviano e da YPFB iniciaram as conversas em La Paz para esclarecer os termos do texto, debates que terminaram nesta quinta com a assinatura de um acordo. Caso não houvesse consenso, a Petrobras e o próprio governo brasileiro tinha declarado que recorreria à arbitragem internacional.
As duas instalações da Petrobras, uma em Cochabamba e a outra em Santa Cruz, foram vendidas pelo Estado boliviano em 1999, numa licitação, por US$ 104 milhões – desde então, a Petrobras investiu mais US$ 30 milhões em modernização. As unidades são as duas maiores que operam no país vizinho e processam cerca de 40 mil barris de petróleo por dia.