As recentes descobertas da Petrobras na Bacia de Santos permitem ao Brasil vislumbrar uma auto-suficiência em gás natural, a exemplo do que já ocorre em petróleo, segundo o gerente-geral da Unidade de Negócios da Bacia de Santos da Petrobras, José Luiz Marcusso. "Há um ano, diria que não era possível imaginar isso. Hoje, já podemos vislumbrar a auto-suficiência do gás", afirmou o executivo, em entrevista à imprensa realizada na sede da empresa em Santos (SP).
O executivo preferiu não arriscar uma data para isso acontecer, ressaltando que essa é uma estimativa muito difícil. "Quando os novos projetos estiverem melhor definidos, poderemos ter essa resposta", disse. Entretanto, Marcusso afirmou que os projetos da Petrobras que integram o Plano de Antecipação da Produção de Gás (Plangás) reduzirão a dependência brasileira quanto à importação do insumo. "Dentro de quatro a cinco anos, a dependência das importações cairá dos atuais 50% para 35% a 30%" projetou. O Plangás prevê uma adição de 24 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) à oferta de gás ainda este ano.
Segundo Marcusso, a percepção de uma auto-suficiência no gás não decorre apenas da descoberta do campo de Júpiter, na Bacia de Santos, anunciada no início desta semana. De acordo com o executivo, o fato de a Petrobras ter encontrado novas reservas de óleo leve com gás associado impulsiona a produção do insumo. "A média é que a cada 100 mil barris por dia de óleo leve se extrai conjuntamente 3 milhões de m³ de gás. Na Bacia de Campos, onde o óleo é pesado, essa média fica entre 1,5 milhão a 1,8 milhão de m³/d de gás", explicou o executivo.
Bolívia
Para o gerente da unidade de Santos da Petrobras, as descobertas dos campos de Tupi e Júpiter são um elemento importante a favor do Brasil nas relações com a Bolívia. Apesar de ter afirmado que a Petrobras opera campos naquele país e deve continuar a importar o gás boliviano, o fato de essas novas reservas brasileiras estarem localizadas justamente próximas do principal mercado, a Região Sudeste, favorece o Brasil.
"As reservas estão na cara do maior Produto Interno Bruto (PIB) do País, o que é muito mais interessante do que trazer um gás via tubulação que passa pelo Mato Grosso até chegar a São Paulo" justificou, acrescentando que em São Paulo também está localizada metade da capacidade de refino do Brasil.