A proximidade do fim do prazo exploratório do campo gigante de Tupi acirrou uma guerra de informações entre a Petrobras e sua principal parceira no pré-sal da Bacia de Santos, a britânica BG. Em dois meses, a BG divulgou dois comunicados que desagradaram à direção da Petrobras, por conterem projeções mais otimistas a respeito de volume de reservas e custos relativos ao projeto.
Por trás dessa briga, segundo analistas, estão grandes divergências estratégicas entre as duas empresas. Cansada de esperar por atualizações das estimativas oficiais, feitas em 2007, a BG quebrou o protocolo e decidiu publicar suas próprias projeções, que falam em reservas próximas a 9 bilhões de barris e custos bem abaixo dos US$ 40 por barril usados pela estatal na avaliação do projeto.
O embate começou no início de novembro, quando a BG divulgou comunicado informando que uma nova análise feita pela certificadora independente Miller and Lents Ltd. (MLL) ampliava em 2,7 bilhões de barris as estimativas de reservas para seus ativos na Bacia de Santos. O estudo diz que as melhores projeções para Tupi apontam para 8,99 bilhões de barris de petróleo e gás.
Na semana passada, a companhia divulgou nova nota, dizendo que, “à luz das impressionantes características do reservatório e da alta produtividade dos poços”, estava calculando os custos do projeto em US$ 14 por barril – US$ 5 referentes ao custo de capital e US$ 9 por barril de custo operacional.
Os comunicados provocaram reação instantânea da Petrobras. Em sua última resposta, a companhia reafirmou que mantinha suas estimativas iniciais: reservas entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris e viabilidade econômica com petróleo entre US$ 35 e US$ 40 por barril. No texto, ressaltava que a BG descumpriu o contrato de sociedade no projeto, que tem ainda a participação da portuguesa Galp.