Foto: Agência Brasil |
José Sérgio Gabrielli: empresa ainda não foi notificada. continua após a publicidade |
O diretor-financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou nesta quarta-feira que o governo boliviano poderá ter que arcar com o pagamento das dívidas da Petrobras Bolívia. Para ele, com o decreto de nacionalização do gás e do petróleo, ficam também estatizadas as dívidas.
Os ativos da Petrobrás na Bolívia somam US$ 1,3 bilhão, mas seu patrimônio líquido está avaliado em US$ 365 milhões, como esclareceu o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli. A diferença de valores corresponde a dívidas da Petrobras Bolívia com bancos, fornecedores e com a sede da companhia, no Brasil.
Barbassa afirmou que as dívidas com a sede da estatal no Brasil representam menos de 10% do patrimônio líquido da Petrobrás na Bolívia e disse acreditar que a "dívida pode aumentar se a margem de lucro da empresa na produção de gás no país for negativa".
Um grupo de estudos calcula qual será esta a queda na margem, já que os impostos passaram de 50% para 82% sobre a produção e não há cláusula nos contratos da Petrobrás Bolívia com a YPFB (responsável por vender o gás para o Brasil) para repassar esta alta. Indagado sobre a possibilidade de a margem vir a ser negativa, ele respondeu que "isso é provável".
Segundo esclareceu o diretor, se em tese a estatal decidisse hoje sair da Bolívia, a perda financeira para a companhia seria de US$ 365 milhões, que é o valor do patrimônio líquido da empresa naquele país.
A Petrobras Bolívia responde hoje por cerca de 24% da arrecadação tributária da Bolívia, onde tem ativos em cinco dos nove Estados. Segundo Gabrielli, de US$ 1,9 bilhão de impostos arrecadados pelo governo boliviano no ano passado, US$ 536 milhões foram pagos pela estatal brasileira.
Para Gabrielli, o interesse "claro e objetivo" da Bolívia ao nacionalizar suas reservas é aumentar a arrecadação e a renda do país, mas "ao mesmo tempo (Evo Morales) tornou inviáveis financiamentos da expansão da produção boliviana, que hoje está com sua capacidade esgotada".
Dos 42 milhões de metros cúbicos que produz, pelo menos 40 milhões já estão comprometidos e, dificilmente, o país obterá os investimentos de US$ 4 bilhões que precisa para duplicar sua produção e atender ao crescimento da demanda dos países vizinhos, como a Argentina e o Brasil.